O escândalo foi tão grande que a ONU teve de inventar uma "revisão" de Durban, para tentar recolocar a questão do racismo em sua verdadeira perspectiva. Não funcionou. A coalizão de países fascistóides voltou a seqüestrar a conferência para transformá-la em instrumento legitimador de seu anti-semitismo e anti-ocidentalismo. A declaração final do encontro, cujo rascunho foi reformulado na suposta tentativa de agradar os EUA, retirando as menções explícitas a Israel e ao sionismo, diz logo em sua abertura que "reafirma a declaração de Durban". Ou seja: nada de novo sob o sol, razão pela qual o governo do negro americano Barack Obama anunciou que não participará da farsa.
Melhor para o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que deve ser a estrela do encontro, com o palco livre para enfatizar sua negação do Holocausto e seu desejo de que Israel suma do mapa. Na ocasião, certamente ninguém questionará Ahmadinejad sobre a legislação homofóbica de seu país, nem sobre o fato de que os não-muçulmanos não podem se candidatar a vários cargos e funções públicas, nem sobre a perseguição sistemática a cristãos e baha'is no Irã. Afinal, como já se sabe, a conferência sobre o racismo não é mesmo sobre racismo. Ou, dito de outra forma: a conferência sobre o racismo será mais uma ótima oportunidade para perceber que os racistas, apoiados na ignorância de movimentos de esquerda que aplaudem genocidas disfarçados de "antiimperialistas", aprenderam a usar a bandeira da defesa das minorias a favor de sua ideologia de ódio niilista.