É intrigante, para dizer o mínimo, a foto do deputado Eduardo Bolsonaro na cabeceira hospitalar do pai, recém-saído de uma cirurgia. Com ar compenetrado, mas risonho, chama atenção a arma na cintura, exibida de forma ostensiva, sem cerimônia, com descaramento surpreendente.
O deputado, prestes a ser indicado pelo pai para a embaixada brasileira em Washington, parecia mais interessado em mostrar "firmeza" e "disposição de luta" do que em prestar solidariedade ao presidente convalescente.
É provável que estivesse a imaginar que a pistola poderia servir de argumento para dobrar as resistências dos senadores ao seu nome. Ele, afinal, está disposto a tudo. Em recente declaração à Veja, o deputado disse estar convencido -- por seu faro e instinto -- que já tem os votos necessários para a aprovação de seu nome. E não vacilou em defender o irmão Carlos, que andou tropeçando nas redes ao sugerir que as mudanças necessárias não poderão ser conseguidas na democracia. Para Eduardo, o irmão só quis dizer que demorarão mais tempo.
Tudo pode não ser mais do que meras boutades, frases feitas para provocar e chamar atenção.O clã Bolsonaro parece preocupado em soltar fumaça para ocultar o que não conseguem cumprir. Seus integrantes temem perder apoios e ganhar desafetos, descontentes com o abandono de promessas eleitorais, como o combate à corrupção. Carregam nas bravatas, ora infantis, ora deliberadamente agressivas.
Mas a foto em pose policial, às vésperas da discussão e votação no Senado, parece feita sob medida para intimidar eventuais recalcitrantes.
Tempos estranhos. E difíceis.