Cenário 2. O governo Temer mostra-se incompetente e naufraga, arrastando para as profundezas do mar infinito o PMDB, o PSDB, o DEM, o PPS, o PSB, a Rede. O PT morre, ou continua a respirar com dificuldade, por falta de oxigênio. Os políticos que sobreviverem serão todos encarcerados pela PF ou exterminados pelo povo organizado, que os caçará pelas ruas como ratos sebosos e contaminados. A Lava-Jato enfia a faca até o cabo. O Congresso se desfaz como papel de seda. O que virá então? Um governo de técnicos e burocratas? Um governo composto pelo centrão e pelos partidos nanicos de extrema-esquerda? Os militares? O fim de todo e qualquer governo político em benefício da mobilização permanente e contínua das ruas, dos movimentos e dos cidadãos indignados? Como não haverá mais políticos, poderá não haver também articulação e as lideranças emergentes (autênticas, de novo tipo, "não-políticas") farão somente aquilo que lhes der na telha, conforme suas convicções mais enraizadas, cada torcida com seu hino, sem comunicação entre uma e outra. Ao final de um rápido ciclo de ajuste generalizado, quem sobreviverá?
Cenário 3. Você não consegue responder a nenhuma das questões acima apresentadas. Vira as costas para elas, como se fossem coisas de intelectuais alienados, conversa prá boi dormir. Afinal, você tem todo o direito de não gostar de política e de pensar que todos os políticos são iguais, miseráveis exploradores de gente que trabalha; ou de gostar e achar que, se a luta continuar, o céu se descortinará mais cedo ou mais tarde, pois afinal o futuro pertence à justiça social e ao socialismo. Toca em frente. Se angustia, se frustra, fica ainda mais indignado; seu mal-estar aumenta, seu inconformismo inflama, você radicaliza ainda mais suas posições e opiniões. Lembra então que a vida é dura, que sempre é preciso dar um passo de cada vez, que as coisas não acontecem como queremos, que há bloqueios objetivos e correlação de forças, e que o reconhecimento crítico disso requer que abandonemos todas as ilusões.