PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

A Ciência Política e um olhar sobre os Legislativos

O líder do PMDB e a guerra pela governança da Câmara dos Deputados

A guerra entre o governo e o grupo oposicionista de Eduardo Cunha (PMDB/RJ) pelo controle do processo legislativo tem data para recomeçar: precisamente no dia 15 de fevereiro de 2016, quando será definido o novo líder da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados.

Por Vítor Oliveira
Atualização:

Assim como em certos reality shows de verão, ser o líder implica ter mais poderes que os demais deputados de uma bancada. Entre os poderes dos líderes está o de controlar a composição das Comissões Permanentes e Temporárias e o de votar conforme o peso da bancada nas discussões do Colégio de Líderes, responsável por definir como e quais serão os projetos a serem analisados pelo Plenário.

PUBLICIDADE

Alguns partidos já definiram quem capitaneará os esforços durante o ano. Entretanto, o PMDB, em crise interna desde a reforma ministerial de outubro de 2015, foi forçado pela disputa interna a protelar a decisão para o início dos trabalhos legislativos deste ano.

No início da Legislatura, Cunha ajudou Leonardo Picciani (PMDB/RJ) a assumir a liderança da bancada. À época, venceu a disputa com apenas um voto - cenário parecido com o atual, dada a maioria tênue que possui dentro da bancada, mas com uma conotação completamente distinta.

Se há um ano uma vitória de Picciani colocava a bancada do PMDB sob a influência de Cunha, hoje ela significa exatamente o oposto. O apoio de Picciani foi fundamental para algumas das decisões mais polêmicas de Eduardo Cunha em 2015, como no caso da redução da maioridade penal. Sem o controle da bancada do PMDB, a posição de Eduardo Cunha se fragiliza.

Ao reformar o ministério no ano passado, o governo - sob a influência da experiente articulação política dos ministros Jaques Wagner e Ricardo Barzoini - deu carta branca a Picciani para articular as indicações junto à bancada do PMDB na Câmara, empoderando o líder da bancada em detrimento do Presidente da Câmara dos Deputados, já declaradamente oposicionista.

Publicidade

A manobra minou o oposicionismo dentro do PMDB, mas deflagrou um posicionamento mais radical por parte daqueles que lutavam pelo distanciamento do governo, alinhados a Eduardo Cunha. Estes foram capazes, inclusive, de reunir assinaturas suficientes para destituir Picciani da liderança por alguns dias, embora este tenha voltado com a ajuda do Planalto e de importantes aliados, como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB).

A recondução de Picciani aumenta a força do Planalto na Câmara dos Deputados e evita que Eduardo Cunha consiga remontar o bloco parlamentar que o elegeu presidente. Isso significa que o resultado legislativo se tornará mais incerto, visto que nenhuma das principais forças políticas terá condições de ditar os contornos da governança do processo legislativo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.