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A Ciência Política e um olhar sobre os Legislativos

General Pazuello ou Sr. Pazuello?

Apesar do atestado médico que postergou o depoimento previamente agendado no Senado (5/5), a CPI da Covid irá ouvir em breve (19/5) o ex-ministro da Saúde, (general) Eduardo Pazuello. O general da ativa causou constrangimento no Alto Comando do Exército ao ventilar que durante seu depoimento poderia dizer que seu nome foi uma escolha institucional. Muito rapidamente, segundo notícias veiculadas na imprensa, foi "informado" que caso tal fato ocorresse, seria desmentido. O Exército foi claro no recado: Pazuello foi voluntariamente candidato à vaga de ministro, devido a sua afinidade com o presidente.

Por Carolina de Paula
Atualização:

Vale observar que nos anos recentes a credibilidade do Exército junto à opinião pública nunca esteve tão baixa. Em pesquisa divulgada pelo PoderData, no dia 3/5, ao serem questionados sobre a participação de militares na política, 45% dos entrevistados responderam que "é ruim para o Brasil", ou seja, desaprovam. O instituto apontou que houve uma queda de 10% em relação a sondagem sobre o mesmo tema realizada em julho de 2020. Já a avaliação negativa (ruim/péssima) de Pazuello ao deixar o Ministério da Saúde, em março deste ano, chegava praticamente ao mesmo patamar, 44,5% de acordo com o Paraná Pesquisas. Não é preciso muito esforço para perceber os porquês de o Alto Comando do Exército tentar a todo custo afastar o nome do ministro da sua patente na instituição.

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No que tange a decisão dos senadores, os membros da CPI da Covid anunciaram que foi decidido ontem (10/5) que o general será chamado apenas de Sr. Pazuello. A princípio trata-se de mera decisão de nomenclatura, mas trata-se de algo maior. Apesar do expressivo número de militares ocuparem cargos no governo de Jair Bolsonaro (muito acima da média das gestões presidenciais anteriores), a intenção dos senadores não será envolver as Forças Armadas na CPI. Para o bem ou para o mal a figura que será ouvida - teoricamente no dia 19/5 -será um cidadão que ocupou um cargo estratégico em uma gestão que deixou, até o momento, mais de 400 mil brasileiros mortos por uma pandemia fora de controle.

Sem o apoio do Exército, o Sr. Pazuello conta somente com um suposto suporte do Planalto. Jornalistas com acesso a fontes próximas do ex-ministro revelaram que um forte esquema de media training vem sendo desenvolvido. É sabido que o Sr. Pazuello não possui grande desenvoltura em entrevistas e reage mal à pressão. Pelo que acompanhamos até o momento na CPI, os senadores não têm facilitado nos questionamentos às testemunhas. Resta saber se o Sr. Pazuello utilizará uma estratégia evasiva como a do atual ministro da Saúde Marcelo Queiroga ou se irá testemunhar de verdade.

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