Vale observar que nos anos recentes a credibilidade do Exército junto à opinião pública nunca esteve tão baixa. Em pesquisa divulgada pelo PoderData, no dia 3/5, ao serem questionados sobre a participação de militares na política, 45% dos entrevistados responderam que "é ruim para o Brasil", ou seja, desaprovam. O instituto apontou que houve uma queda de 10% em relação a sondagem sobre o mesmo tema realizada em julho de 2020. Já a avaliação negativa (ruim/péssima) de Pazuello ao deixar o Ministério da Saúde, em março deste ano, chegava praticamente ao mesmo patamar, 44,5% de acordo com o Paraná Pesquisas. Não é preciso muito esforço para perceber os porquês de o Alto Comando do Exército tentar a todo custo afastar o nome do ministro da sua patente na instituição.
No que tange a decisão dos senadores, os membros da CPI da Covid anunciaram que foi decidido ontem (10/5) que o general será chamado apenas de Sr. Pazuello. A princípio trata-se de mera decisão de nomenclatura, mas trata-se de algo maior. Apesar do expressivo número de militares ocuparem cargos no governo de Jair Bolsonaro (muito acima da média das gestões presidenciais anteriores), a intenção dos senadores não será envolver as Forças Armadas na CPI. Para o bem ou para o mal a figura que será ouvida - teoricamente no dia 19/5 -será um cidadão que ocupou um cargo estratégico em uma gestão que deixou, até o momento, mais de 400 mil brasileiros mortos por uma pandemia fora de controle.
Sem o apoio do Exército, o Sr. Pazuello conta somente com um suposto suporte do Planalto. Jornalistas com acesso a fontes próximas do ex-ministro revelaram que um forte esquema de media training vem sendo desenvolvido. É sabido que o Sr. Pazuello não possui grande desenvoltura em entrevistas e reage mal à pressão. Pelo que acompanhamos até o momento na CPI, os senadores não têm facilitado nos questionamentos às testemunhas. Resta saber se o Sr. Pazuello utilizará uma estratégia evasiva como a do atual ministro da Saúde Marcelo Queiroga ou se irá testemunhar de verdade.