Qual a importância disto? Bem, ao constituir um bloco partidário, cada partido abre mão de parte de suas prerrogativas e passa a atuar de modo coordenado sob o comando de um único líder - neste caso, o deputado Leonardo Picciani, não à toa também do PMDB do Rio de Janeiro, assim como Cunha.
Compete ao líder de bancada definir a composição das comissões (algo cobiçado pelos deputados), mas a maior parte de seu poder se dá no momento de participar do Colégio de Líderes. É ele que define os principais acordos políticos e a agenda do Legislativo, reunindo poucas pessoas em uma sala, os líderes, cada uma com poder equivalente ao tamanho de sua bancada.
Com 151 deputados, a bancada do bloco corresponde a quase 30% do total de cadeiras da Câmara e proporciona uma força descomunal no contexto de fragmentação partidária e descoordenação política da Coalizão, reinantes neste momento de crise política. Para se ter uma ideia, a segunda maior bancada (do PT) possui apenas 63 deputados, ou cerca de 12% da Câmara dos Deputados.
Obviamente, qualquer destes partidos pode melar o bloco e seguir carreira solo. Contudo, não poderão construir qualquer outro bloco naquele mesmo ano, mas apenas quando a sessão legislativa seguinte começar - após o recesso de fim de ano.
Abusando dos jargões da Ciência Política, é um mini-segredo eficiente para o funcionamento do bloco parlamentar, visto que cria incentivos para os partidos permanecerem unidos, mesmo se discordarem em alguma questão.
Curiosamente, o bloco é composto por partidos tanto da base do governo quanto da oposição, em um claro indício de como a coordenação política de Dilma Rousseff falhou logo no início da legislatura, quando o bloco foi criado. Em vez de atuarem coordenadamente sob a liderança do Governo, alguns partidos da base preferiram refugiar-se na liderança de Cunha e associar-se à parte da oposição em sua atuação parlamentar.
A Constituição dá as regras gerais, claro, mas é o trabalho de formiguinha do Regimento Interno o responsável por definir quais os poderes das lideranças de bancada, a composição das comissões, bem como o modo como tramitarão os projetos de lei.
Um dos documentos mais importantes do País - e quase ninguém sabe que ele existe.