Ainda em 2019, o governo conseguiu a aprovação da Reforma da Previdência, em um processo de tramitação que já demonstrava a grande inabilidade do Executivo na coordenação de sua base de apoio no parlamento e na sustentação e defesa dos temas no debate público. Rodrigo Maia sempre deixou clara sua insatisfação com a condução que o governo dava para a PEC, declarando que ela fora aprovada "apesar do Governo". Se a PEC da Reforma da Previdência fora uma vitória parcial do governo (texto havia sido, consideravelmente, alterado durante a tramitação), ela seria uma das raras nesse tema e marcaria o baixo nível de implementação da agenda de reformas econômicas. Posteriormente, o governo deu sequência à agenda e lançou o Plano Mais Brasil, composto por três PECs (Pacto Federativo - PEC 188/19, Fundos Públicos - PEC 187/19 e Emergencial - PEC 186/19) e a MP da Carteira de Trabalho Verde e Amarela (MP 905/19). Nenhum destes textos enviados em 2019 conseguiu avançar e atender seus objetivos.
O ano de 2020 já se mostrava bastante desafiador para esta agenda quando a pandemia de COVID-19 mexeu profundamente com o cenário social e econômico. E, ainda que tenha resistido o quanto pôde, o Executivo precisou adotar medidas expansionistas, entre elas a criação do auxílio emergencial. Em agosto, já com grandes divergências sobre o que realmente enviar ao Congresso e em qual tempo, uma série de dirigentes do Ministério da Economia ligados a esta pauta deixaram o governo.
O final de 2020 e o início de 2021 seriam marcados pelo envio para o Congresso Nacional de projetos conectados a outras duas reformas: a administrativa (PEC 32/20) e a tributária (esvaziada em dois projetos: PL 3887/20 e PL 2337/2021), que igualmente naufragaram na incapacidade do Executivo tramitar sua agenda legislativa. Embora, neste momento, é possível dizer que esse tipo de agenda legislativa já havia deixado de ser a prioridade do governo, que passou a concentrar-se, fortemente, em sua própria sobrevivência. Do ponto de vista das disputas no interior do Executivo, o grupo dos liberais de Guedes passou a perder influência sobre as políticas para os grupos dos militares autoritários e dos fisiologistas do "centrão". No Parlamento, a agenda de reformas naufragara, ao mesmo tempo, que ganhava força a agenda predatória dos recursos do Orçamento Geral da União, através, principalmente das emendas do "orçamento secreto" (Emendas do Relator) e dos cargos de comando nos Ministérios e órgãos da Administração Indireta.
Na passagem de 2021 para 2022, já sob os reflexos e desdobramentos das novas regras partidárias e eleitorais, o Congresso passou a se movimentar olhando mais para as eleições deste ano. Como esperado, o movimento de expansão das emendas parlamentares se acentuou e o Executivo passou a culpar os outros poderes, ora de forma generalizada ora centrando-se em figuras pontuais, pelo fracasso de sua agenda.
Além da agenda legislativa de reformas econômicas, há também ao menos duas frentes de ações: atos infralegais (como decretos, portarias, instruções normativas, etc) e de gestão (como a venda de ativos, as concessões e a redução da participação dos bancos públicos no financiamento de projetos de investimento). De modo geral, estas medidas tiveram alcance limitado, principalmente, pela grande desconfiança por parte dos investidores internacionais e da péssima condução da política externa na construção de pontes para parcerias mais robustas do que a mera transação de produtos e projetos de investimento e integração produtiva. No ambiente interno, dada a fragilidade jurídica que ações como estas têm (sem a devida sustentação legal), diversas medidas foram limitadas ou revogadas por decisões judiciais. Construiu-se, pois, um ciclo de incapacidade, isolamento, ações frágeis e insegurança jurídica, como a grande síntese do tema nesta gestão.