Dia desses, um amigo com ar de pouco caso exclamou numa conversa comigo sobre renovação na política: "tem muito jovem talentoso querendo transformar política em aplicativo. Isso é bobagem e desperdício de tempo". Discordamos! Aplicativos fazem parte de uma nova forma de comunicar, interagir, prestar serviços e viver no século XXI. Claro que tem muita coisa sem futuro, tantas outras a serem aperfeiçoadas e diversas que ajudarão demais. Obviamente, também não teremos um único aplicativo capaz de atender a toda a sociedade em uma determinada questão. É fato que diferentes pessoas têm intimidades distintas com as tecnologias propostas, mas vai dizer que transporte, alimentação, turismo, educação, entretenimento e tantas outras temáticas essenciais às nossas vidas não passaram por transformações agudas desde o início dessa onda de aplicativos? Claro que sim.
Assim, estamos vivenciando a era do acesso à informação. E nesse instante digital, nesse momento virtual, é possível comunicar-se através de grandes distâncias em questão de segundos, relativizando limitações geográficas e de tempo. Podemos explorar novas fronteiras e a revolução tecnológica empodera e expande o campo de ação dos indivíduos.
Se tantas descobertas e utilidades foram trazidas para o nosso cotidiano por aplicativos, inclusive em espaços que pareciam funcionar bem, o que dizer de ferramentas capazes de nos aproximar da política? Tomemos como exemplo o caso do Legislativo: estamos distantes do Congresso Nacional, temos vaga lembrança de nossas escolhas, compreendemos pouco o sistema, acompanhamos mal os trabalhos e subestimamos o peso do parlamento em nossa realidade democrática. Seria o caso de tentarmos algo nesse sentido? Por que não? Assim: que tal um aplicativo para aprimorar escolhas políticas para o espaço com o qual temos menos intimidade? Sim: um aplicativo para nos conectar melhor às nossas escolhas parlamentares.
Isso certamente não substitui a ação humana na seleção do caminho que deseja percorrer, mas diante do que estamos vivenciando é possível afirmar que as eleições de 2018 serão as mais interativas entre candidatos e eleitores graças à forte expansão da inclusão digital, simbolizada principalmente, pela era dos aplicativos - ao menos é isso que muitos desejam. O amplo acesso à internet e a mudança do papel do cidadão para uma voz mais ativa na rede e na sociedade trazem constantes provocações e oportunidades para as instituições democráticas pensarem novas formas de participação da sociedade civil na tomada de decisão. É dentro desse contexto que surge, dentre VÁRIOS exemplos interessantes, a Bússola Eleitoral.
De forma simples e didática, a Bússola Eleitoral oferece ao cidadão um rico espaço de descobertas e exploração das candidaturas para deputado federal e estadual que se alinham aos seus valores e prioridades. O eleitor será sempre o centro do mapa, como referencial visual e político da plataforma, além de ter total controle sobre os parâmetros de navegação. Ele também poderá escolher os temas que mais lhe interessam e buscar quais candidaturas se aproximam ou afastam-se de suas ideias, estando livre para navegar e conhecer tanto as candidaturas cujas opiniões são próximas às dele, como aquelas com as quais discorda.
Por exemplo: digamos que o cidadão esteja preocupado com o tema corrupção e deseja escolher uma candidatura para a Câmara dos Deputados. Mas também tem interesse na questão do emprego e do trabalho. Na Bússola Eleitoral, ele pode selecionar tais temas e priorizar a visualização de candidaturas com valores próximos, ou que se afastam em relação aos seus, priorizando os assuntos de interesse. Já imaginou fazer isso sem a tecnologia? Em 2014, por exemplo, apenas no estado de São Paulo foram quase 1.500 candidatos a deputado federal e mais de 2.000 para a Assembleia Legislativa.
Todos os dados sobre seus valores serão fornecidos pelas próprias candidaturas que desejarem participar da iniciativa, e pelos cidadãos, sempre garantindo a absoluta privacidade dos dados dos eleitores. Toda a sociedade civil é bem-vinda a utilizar a ferramenta, que será lançada no começo do período de campanha eleitoral. Além disso, partidos e movimentos cívicos estão sendo convidados a participarem como parceiros e também a incentivarem seus candidatos e candidatas a entrarem na iniciativa. O projeto terá total transparência sobre a metodologia usada, sobre a política de proteção de dados e sobre as respostas das candidaturas.
A plataforma é totalmente controlada pelo eleitor, e não direciona a escolha e o voto em nenhum momento. O poder de transformação da ferramenta está na escolha que o eleitor tem em suas mãos, reconhecendo a consciência das pessoas na sua escolha, quando oferecido um espaço que organiza as informações e as torna acessíveis. Faz sentido para você? Se SIM, será ótimo guardar esse nome e utilizar o aplicativo, em caso negativo nada de pensar que aplicativos não fazem sentido na realidade política da sociedade do século XXI. Faz sentido pra muita gente, não fará para tantas outras...