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Estratégias eleitorais, marketing político e voto

Skaf e o discurso linha dura

Texto publicado no Estadão Noite

Por Julia Duailibi
Atualização:

A campanha em São Paulo começou com a corrida atrás dos votos dos eleitores mais conservadores, protagonizada pelo candidato do PMDB, Paulo Skaf, que reeditou um discurso do tipo "Rota na rua" - aliás, ele conta com o apoio do PP, de Paulo Maluf, autor da expressão.

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Nos últimos dias, Skaf não só deu declarações mirando o eleitorado sensível a um tom mais duro no combate à criminalidade e à "baderna" (ou manifestações) como montou uma equipe condizente com a retórica do "pulso firme".

Divulgou que ele próprio coordenará o seu programa de governo na área da segurança pública e anunciou como conselheiros ex-policiais, criminalistas, o ex-secretário de Segurança Antonio Ferreira Pinto, considerado linha-dura, e o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho.

Chamou o governador Geraldo Alckmin (PSDB), candidato à reeleição, de "bonzinho" e disse que teria sido mais duro na resposta aos grevistas do Metrô, envolvidos na paralisação do transporte público no começo de junho.

Skaf busca a polarização com Alckmin e pretende crescer em cima do eleitor mais conservador, órfão do malufismo que, no embate PT versus PSDB em São Paulo, acabou emprestando o seu voto aos tucanos. O objetivo é levar a disputa para o segundo turno - Skaf tem cerca de 21% das intenções de voto, contra 47% de Alckmin e 4% de Padilha.

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Do lado do PSDB, o discurso mais duro de Skaf é bem-vindo. A avaliação é a de que um tom mais radical pode até angariar alguns poucos votos entre eleitores de Alckmin, mas no geral causará rejeição no eleitorado, principalmente naqueles que tradicionalmente votam no PT - e de onde Skaf também precisaria tirar votos para crescer.

Segundo o Datafolha, Alckmin chega a 40% das intenções de voto entre os eleitores que têm o PT como partido de preferência. Já Skaf tem 23% da preferência desses eleitores - entre o eleitor tucano o candidato do PMDB aparece com 19%.

Pesquisas do PSDB mostram que o eleitor apóia, sim, uma postura mais dura em relação às manifestações e às greves de junho. Mas o tom adotado por Alckmin, considerado por Skaf como "bonzinho", foi aprovado pelo eleitor, dizem os tucanos. A campanha do PSDB fala agora em "autoridade sem autoritarismo", jogando no colo de Skaf o carimbo de autoritário.

O discurso linha dura, que pode servir para forçar um segundo turno, terá de ser abandonado num eventual segundo turno. O candidato do PMDB terá de amenizar o tom, não radicalizá-lo, se quiser ver seu eleitorado crescer. Terá que adotar um pouco do figurino "picolé de chuchu". Para a missão, conta com a ajuda do marqueteiro Duda Mendonça.

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