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Estratégias eleitorais, marketing político e voto

O legado de 2014

Publicado no Estadão Noite

Por Julia Duailibi
Atualização:

Caro eleitor, prepare seu estômago porque o segundo turno não será brincadeira. Em jogo, está a principal cadeira do País, e ao que tudo indica a disputa pelo posto será das mais acirradas e agressivas desde 1989. A movimentação nos bastidores das campanhas, o tom dos principais colaboradores de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB), a reverberação desse caldo político no eleitorado e a sua conseqüente manifestação histérica nas redes sociais mostram que não serão semanas fáceis.

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À luz do dia, o PT se agarrará à comparação das gestões Lula e FHC, estratégia usada em 2006 e 2010. O foco, agora, será o ex-presidente do BC Arminio Fraga, já indicado como ministro da Fazenda de Aécio - Aloizio Mercadante chegou ontem à entrevista com as jornalistas Vera Rosa e Tânia Monteiro, do Estado, com uma pasta intitulada "Arminio Fraga". Os números negativos da gestão tucana serão jogados ao eleitor, sem contextualização nenhuma.

Também vão tentar desconstruir as gestões do PSDB, em São Paulo e em Minas. O presidente do PT, Rui Falcão, falou em "demolir esse sofismo de que eles são bons gestores". O verbo escolhido, demolir, mostra bem a temperatura. No submundo, chumbo grosso, como o texto replicado nas redes sociais segundo o qual Aécio já teria sido internado em hospital por abuso de drogas.

Do lado tucano, a maior parte dos ataques virá de casos envolvendo corrupção. O novo spot da campanha do PSDB no rádio mostra o tom: "Tem gente na cadeia pela grana que roubou, o País teve nas urnas e um recado ele mandou: que o PT tá de saída, e a mudança começou". Não espere uma palavra sobre casos de corrupção do PSDB nos trens, no mensalão mineiro ou na aprovação da reeleição.

Também no submundo haverá articulações nada republicanas para desconstruir a adversária, como as que envolvem grupos religiosos conservadores, a exemplo de 2010, quando os tucanos contaram com esses setores para atrelar Dilma a temas polêmicos, como aborto e combate à homofobia.

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As duas campanhas vão manipular o eleitor, divulgar informações fora de contexto, mentir sem nenhum pudor. Vão colocar eleitor contra eleitor, como se viu nas últimas declarações de petistas e tucanos sobre o resultado das votações no Nordeste, pró Dilma, e em São Paulo, pró Aécio.

Enquanto isso, temas relevantes para o País serão marginalizados ou deixados de lado para evitar polêmicas que possam acarretar em perda de votos. Ao eleitor, restará um resumão genérico e insosso dos programas de governo. Nada aprofundado sobre os rumos do País. Nada que seja mais real e que fuja do controle do marketing político das campanhas.

Não tenha dúvida. O debate no segundo turno será pobre, raso e agressivo.Cumprirá um grande desserviço para o eleitor e dará margem para que surjam aberrações, como a página do Facebook Dignidade Médica, na qual há declarações preconceituosas e toscas sobre a eleição, entre as quais a defesa do "holocausto" para os eleitores de Dilma. É exemplo do lixo que vem por aí.

Dilma e Aécio já podem se orgulhar da contribuição que essa campanha deixará para o País.

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