Está cada vez mais comum, em conversas com integrantes das campanhas, ouvir que Marina "é um salto no escuro" ou que "na última vez que o Brasil elegeu um presidente que criticava a política, deu no que deu". Os interlocutores citam nominalmente Collor e falam que uma eventual vitória da candidata repetirá a história.
Por trás dessa teoria, está a tese de que, se eleita, Marina enfrentará uma crise de governabilidade já que é "sectária" e que não aceita governar com as "velhas raposas" da política, como Sarneys, Renans e etc, que deram sustentação aos governos tucanos e petistas.
É verdade que Marina ainda não conseguiu explicar como vai formar maioria para governar. O discurso de que contará com os melhores quadros de PT e PSDB não é suficiente. Quem conhece o qualitativo do Congresso brasileiro sabe que é improvável que ela chegue a algum lugar com esses "poucos e bons".
Marina terá de fazer política com o Congresso que for eleito, com o Congresso de plantão. Senão, não governará. Mais provável que aceite fazer concessões, decepcionando eleitores "sonháticos", do que tope encarar uma crise de governabilidade.
Assim como os demais candidatos são suscetíveis a críticas, podemos questionar Marina em uma série de questões: do recente vai e vem de seu programa à superficialidade de algumas propostas; do radicalismo do discurso político à religiosidade. Mas Marina tem uma biografia, anos de exercício político e uma equipe razoável. Portanto, não é, nem de longe, comparável ao candidato de 1989.
Compará-la a Collor só mostra uma coisa: o desespero está cada vez maior nas campanhas petista e tucana.