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Estratégias eleitorais, marketing político e voto

Com Aloysio, Aécio tenta neutralizar próprio 'veneno'

Texto publicado hoje no Estadão Noite

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Por Julia Duailibi
Atualização:

Com a escolha do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) para vice na sua chapa, o tucano Aécio Neves busca uma vacina contra estratégia aplicada por ele mesmo em 2006 e em 2010, que acabou por prejudicar a eleição nacional do PSDB.

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Não é segredo que, nessas duas disputas, Aécio não se empenhou pelos candidatos a presidente do seu partido em Minas, segundo maior colégio eleitoral do País. Agora, com Aloysio, Aécio quer uma proteção contra a traição dos tucanos em São Paulo.

Em 2006, Aécio se beneficiou do "Lulécio", a chapa informal entre ele, candidato a governador em Minas, e Lula, candidato à Presidência. Resultado: o PSDB perdeu no Estado. Alckmin teve apenas 34,81% dos votos, contra 65,19% de Lula -enquanto isso, Aécio foi eleito no primeiro turno, com 71% dos votos.

Em 2010, a história se repetiu. Aécio, em relação conturbadíssima com Serra, também não se empenhou pela eleição do correligionário. Fez vistas grossas para o "Dilmasia", chapa entre o candidato a governador Antonio Anastasia, ligado a ele, e a candidata a presidente Dilma Rousseff.

O PSDB perdeu no Estado. Serra teve 41,55% dos votos contra 58,45% dos de Dilma. No mesmo dia em que a derrota foi anunciada, integrantes da campanha de Serra apontavam Aécio como maior culpado.

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Nas duas eleições, valia mais politicamente para Aécio não mergulhar de cabeça na campanha presidencial do PSDB. Em 2006, sabia que se associar a Lula, mesmo que de maneira informal, o ajudaria mais do que se empenhar pela candidatura de Alckmin, que não animava ninguém no PSDB.

Depois, em 2010, com a Presidência já na mira, sabia que a eleição de Serra dificultaria seu caminho no médio prazo. Se Serra fosse eleito, disputaria a reeleição e depois se empenharia em fazer um sucessor - que obviamente não seria Aécio.

Agora, ao escolher Aloysio, o candidato tenta evitar que prevaleça nesta eleição entre os tucanos paulistas o pragmatismo político que o levou a operar por conta própria nas disputas anteriores.

Alckmin é um dos candidatos à Presidência em 2018. Assim como Aécio em 2010, para o governador é melhor que o mineiro não seja eleito e deixe o caminho livre para daqui a quatro anos.

Tanto que Alckmin não teve o menor constrangimento em dar palanque no maior colégio eleitoral do País para o adversário de Aécio no PSB, Eduardo Campos - o vice de Alckmin é Márcio França, aliado de Campos.

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Aécio sabe desse movimento de Alckmin. Ontem, durante a convenção do PSDB que oficializou o nome do governador à reeleição, disse: "Me dêem a eleição em São Paulo que darei a vocês uma nova Presidência da República".

A escolha de Aloysio é uma tentativa de dar esse combustível para a campanha tucana em São Paulo e forçar o envolvimento de pelo menos um grupo do PSDB. Mas com o governador mirando 2018, talvez a ação não tenha efeito.

 

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