PSB quer três pastas, mas seus deputados não têm Ciro Gomes "na cota" do partido. Foto: Wilson Pedrosa/AE - 06.10.2010
As disputas entre e dentro dos partidos aliados que retardam a composição do ministério Dilma Rousseff refletem não só a complexidade da base política que a elegeu, como projetam um governo de dificílima administração de interesses.
Dilma governará com dois partidos principais - PMDB e PT - de uma aliança que seu mentor, o presidente Lula, não quis para si no primeiro mandato. Lula não queria ficar refém do partido amplamente majoritário, com poder de dar as cartas no Congresso.
Preferiu a cooptação das legendas menores, processo que está na origem do mensalão, que até hoje insiste em chamar de "tentativa de golpe".
Hoje, impasses envolvendo PSB, PCdoB e PT retardam o fechamento do ministério. Enquanto o PSB quer três pastas - seus deputados não têm Ciro Gomes "na cota" do partido -, o PCdoB não se conforma com a saída de Orlando Silva do ministério dos Esportes.
Já os petistas duelam pelas pastas do Desenvolvimento Social e Agrário - este último ocupado pelo critério da cota feminina.
Nada indica que as feridas abertas na guerra de cargos no ministério cicatrizem com seu anúncio formal.
O que, somado ao fato de que a autonomia de Dilma ficou restrita a uma cota pessoal, o torna um ministério com prazo de validade, sacudido aqui e ali por denúncias disparadas pelo chamado "fogo amigo". Mais danoso ao governo do que a oposição pífia que se anuncia.