Pela proclamação anterior, caberia ao presidente da República a palavra final sobre o assunto. Mas o governo italiano entrou com uma questão de ordem, contestando a intepretação dada ao voto do ministro Eros Grau. E Eros, presente à sessão, confirmou a intepretação dos italianos.
Eros confirmou que seu voto reconhecia ao presidente da República a autonomia para dar a palavra final, mas desde que submetido ao Tratado de Extradição entre Brasil e Itália. O que equivale a dizer que Lula poderia, no máximo, adiar a entrega de Battisti por este responder a delitos cometidos aqui no Brasil. Mas como não há processo aberto no Brasil, contra Battisti, sua volta à Itália pode estar bem mais próxima.
A sessão encerrada há poucos minutos, foi, para variar, tensa e aguerrida. O ministro Marco Aurélio de Mello protestou contra a mudança na proclamação que já tinha sido feita.
Na verdade, Nabor Bulhões explora o precedente aberto pelos ministros quando rediscutiram um acórdão já publicado no Diário da Justiça, sobre a sessão que extinguiu a Lei de Imprensa. Foi onde se escudou uma maioria de seis ministros para manter a censura ao jornal O Estado de S.Paulo, alegando erro processual, mas, ao mesmo tempo, opinando sobre o mérito. Esses seis juízes justificaram a revisão do acórdão com o argumento de que o relator, Ayres Britto, não transcrevera fielmente os votos do plenário.
O acórdão resultante da sessão que optou pela extradição de Battisti, também padeceria do mesmo mal, quando sustenta a concessão ao Presidente da República de autonomia para homologar, ou não, a decisão do Judiciário. De fato, houve momentos de tensão naquela sessão em razão de interpretações que os ministros faziam dos votos de seus pares.
O caso mais explícito foi exatamente o de Eros Grau, que teve que interromper a fala do presidente do STF para dizer: "Eu acho que a melhor pessoa para dizer como eu votei, sou eu mesmo". Naquele instante estava em discussão exatamente a concessão da autonomia ao presidente da República para seguir o STF ou decidir pela permanência do condenado italiano.
Começa a ter repercussão internacional a hesitação e profunda divisão do STF.