O partido, ao que tudo indica, busca estabelecer desde já uma cota maior na estrutura com vistas a um eventual segundo mandato da presidente Dilma Rousseff.
A ideia é garantir desde já uma fatia maior para que a discussão futura se dê em torno de nomes e não de quantidade ou valor da Pasta. Estes dois últimos aspectos precisariam ser definidos agora, o que confirma a perspectiva de um segundo mandato para Dilma bem mais difícil que o primeiro.
Neste caso, o custo do apoio da base aumenta na proporção da maior dependência do governo.
O PMDB já está precificando esse apoio futuro, certamente de posse dos cálculos feitos pelo mercado, que quantificam o ajuste de 2015, inflado pelo represamento de medidas adiadas por orientação eleitoral.
É um cenário para além de Dilma: vale para quem for governar o país no próximo ano que também não poderá prescindir do entendimento com o partido, ainda que a vitória venha a ser de uma aliança oposicionista.
A ninguém ocorre a ideia de lucro político imediato no contexto de um ministério-tampão, cuja mudança mobiliza os partidos apenas para manter os territórios já conquistados ou aumentá-los - esta última hipótese só possível, pelo peso político, ao PMDB e ao PT.
A questão é, no mínimo, não registrar perdas na mudança ministerial e, no máximo, ter algum lucro.
A primeira preocupação mobiliza mais, na medida em que a mudança a ser feita nas próximas semanas se caracteriza, como nunca, pela pouca oferta para muita demanda, dado o ano de campanha.
Perder espaço é bem fácil, em alguns casos, provável, porque o governo precisa otimizar seu investimento político. Ganhar espaço é praticamente impossível, como o PMDB acaba de ouvir da presidente Dilma.
Estas são razões mais que suficientes para que não se leve a sério a ameaça do partido de romper com a aliança agora. O PMDB, como sempre faz, administra a pressão sobre o governo ciente de sua força política, tanto em número, como em capilaridade, para marcar território.
Ao fazê-lo, escolhe o momento de maior fragilidade do aliado - como agora, em campanha- , e indica que o governo precisa mais dele do que o contrário. Afinal, na eventual mudança de presidente, sua influência no processo decisório continuará sendo reconhecida - e, mais, indispensável à chamada estabilidade.
E quer dizer também que em 2015 essa realidade será ainda mais crua.