João Bosco Rabello
06 de janeiro de 2010 | 18h35
É indiscutível que as razões políticas e estratégicas é que devem orientar decisões importantes como a da compra dos caças pelo governo brasileiro para reequipar a Aeronáutica.
Lula com Sarkozy no dia do anúncio da opção pela França. Foto: Dida Sampaio/AE
É, de resto, como funciona em todo o mundo.
Portanto, nada mais natural que o presidente Lula reivindique sua exclusividade no caso, principalmente sabendo que uma escolha diferente da preferida pelos militares não significará necessariamente dano ao processo.
Pode-se sacrificar o técnicamente ideal em favor do bom que, ao mesmo tempo, contemple interesses estratégicos de governo. Essa é a síntese que se extrai das manifestações do Ministro da Defesa e do presidente da República.
O problema maior é o quadro de subversão hierárquica contida no vazamento antecipado do relatório da Aeronáutica, que tem origem na antecipação, por Lula, da decisão brasileira em favor dos aviões franceses.
O vazamento do relatório é uma clara reação militar pela quebra do sigilo em que as análises se processavam até a incontinência verbal de Lula que, pelas circunstâncias, representou um compromisso público com a França.
O presidente despiu as negociações do mais elementar ritual que sua importância estratégica impõe. Provocou em seus subordinados igual reação.
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