João Bosco Rabello
05 de janeiro de 2010 | 13h51
O ministro Joaquim Barbosa lamenta a ausência de uma “reação furiosa” da elite pensante do País contra a escalada da corrupção, que atribui a erros e até à cumplicidade do Judiciário.
Barbosa, um juiz em crise com o Judiciário. Foto: Sérgio Dutti/AE
É mais uma autoridade a adotar o discurso de oposição ao contexto do qual faz parte, num mimetismo de ocasião, políticamente eficaz. O governador Sérgio Cabral fez o mesmo para explicar a tragédia de Angra dos Reis.
À falta de explicações convincentes, o dirigente faz coro aos seus críticos contra as mazelas da administração que comanda. O presidente Lula inaugurou esse estilo camaleônico e fez escola. É um truque que elimina culpados e socializa o ônus.
Para além de uma manifestação de indignação, o discurso de Barbosa é uma exortação à revolta popular. Não propõe saídas e vai legitimando a acusação de “populista” que lhe fazem alguns de seus pares no STF.
A pecha lhe foi colocada desde o dia em que conclamou o presidente do STF, Gilmar Mendes, a “ouvir a voz das ruas”, em defesa explícita do clamor público como critério para condenações.
Que, se adotado, só agravaria o cenário que ele critica.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.