A peregrinação aconteceu depois de um longo mergulho para distanciar no tempo o episódio da violação do painel do Senado. A cada eleitor pediu perdão e se disse arrependido. Deu certo: elegeu-se com 324 mil votos num universo pouco superior a 1,5 milhão de eleitores. Teve 27% dos votos válidos. Foi o campeão proporcional, batendo o então recordista Leonel Brizola, eleito deputado em 62, com 300 mil votos (18% dos válidos).
À época, Arruda explicou ao jornalista Rui Nogueira, (chefe de redação do Estadão em Brasília) que sua estratégia considerou sobretudo o que chamou de "mínima influência da mídia nas classes C, D e E". Nessas faixas da população fez um corpo-a-corpo admitindo o erro e fazendo penitência. Obteve perdão falando diretamente com o eleitorado mais numeroso, menos informado e, por índole, crédulo e generoso.
Faz o mesmo agora, desqualificando seu denunciante, acusando seu adversário Joaquim Roriz de estar por trás de tudo e de querer vencê-lo no "tapetão". Acerta nas duas coisas, mas Durval e Roriz são secundários no processo, porque ao contrário do que diz o presidente Lula, os vídeos falam por si. E fazem a diferença nesse episódio tanto jurídica quanto politicamente.
Mas, para o governador isso não é problema porque ele chega quase a dizer que as imagens mentem. Segue fielmente, portanto, o conselho chulo que lhe deu Durval Barbosa nos "bons tempos":
"Quem elege o governante não é quem lê jornal, é quem limpa a bunda com ele. Não esqueça isso!"
Arruda não esqueceu.