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Hoje como ontem

A estratégia política do governador José Roberto Arruda, exposta na edição do Correio Braziliense de hoje, é uma tentativa desesperada de uma saída direta com o eleitor. Como fez em 2002, ao visitar casa por casa as cidades-satélites, num total superior a cinco mil residências. Em algumas, chegou a tomar banho, almoçar e dormir.

Por João Bosco Rabello
Atualização:

 Foto: Estadão

A peregrinação aconteceu depois de um longo mergulho para distanciar no tempo o episódio da violação do painel do Senado. A cada eleitor pediu perdão e se disse arrependido. Deu certo: elegeu-se com 324 mil votos num universo pouco superior a 1,5 milhão de eleitores. Teve 27% dos votos válidos. Foi o campeão proporcional, batendo o então recordista  Leonel Brizola, eleito deputado em 62, com 300 mil votos (18% dos válidos).

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À época, Arruda explicou ao jornalista Rui Nogueira, (chefe de redação do Estadão em Brasília) que sua estratégia considerou sobretudo o que chamou de "mínima influência da mídia nas classes C, D e E". Nessas faixas da população fez um corpo-a-corpo admitindo o erro e fazendo penitência. Obteve perdão falando diretamente com o eleitorado mais numeroso, menos informado e, por índole, crédulo e generoso.

Faz o mesmo agora, desqualificando seu denunciante, acusando seu adversário Joaquim Roriz de estar por trás de tudo e de querer vencê-lo no "tapetão". Acerta nas duas coisas, mas Durval e Roriz são secundários no processo, porque ao contrário do que diz o presidente Lula, os vídeos falam por si. E fazem a diferença nesse episódio tanto jurídica quanto politicamente.

Mas, para o governador isso não é problema porque ele chega quase a dizer que as imagens mentem. Segue fielmente, portanto, o conselho chulo que lhe deu Durval Barbosa nos "bons tempos":

"Quem elege o governante não é quem lê jornal, é quem limpa a bunda com ele. Não esqueça isso!"

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Arruda não esqueceu.

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