A situação das escolas públicas brasileiras, especialmente as localizadas em periferias urbanas, é de uma precariedade que inviabiliza o ensino. E causa principal do alto índice de evasão escolar.
Aqui mesmo neste blog, em 9 de janeiro deste ano, registrei relatos de entidades e especialistas envolvidos com a busca de soluções para enfrentar a violência nos estabelecimentos de ensino público.
E que denunciam a negligência oficial em relação ao problema.
Uma estatística da época indicava que 70% de alunos e professores dessas escolas já vivenciaram episódios de violência dentro das salas de aula, inclusive com alunos armados.
Por isso cheira a hipocrisia o espanto das autoridades com o fato de o assassino de ontem possuir duas armas, sendo um homem com problemas mentais evidentes.
Ninguém desconhece que as escolas públicas, em muitas regiões, mesmo urbanas, viraram ambientes freqüentados por menores cooptados pelo tráfico, que andam armados e ameaçadores, impondo suas regras à comunidade escolar.
Não são poucos os relatos de professores constrangidos e até agredidos fisicamente.
Dizia o texto de então, que os governos brasileiros desprezam historicamente o fator inibidor como instrumento de combate à criminalidade, menosprezando a eficiência do policiamento ostensivo.
Já foi dito que não há como ter um policial em cada escola pública, mas sob a justificativa de que não é possível à polícia estar em todos os lugares, corre-se o risco de não tê-la em nenhum.
Porteiros preparados em todas as escolas é possível, assim como rondas policiais de bairros que privilegiem as áreas de estabelecimentos de ensino.
Virá aí nova campanha de desarmamento, mais uma entre tantas que não produziram resultados objetivos.
Algum parlamentar provavelmente já está preparando proposta de lei agravando as penalidades para porte ilegal de arma , assim como se criam leis todos os dias para casos já previstos no código penal.
A questão a ser enfrentada, não só nas escolas, é evidentemente o cumprimento das leis e o fim da tolerância com os infratores. Impunidade não se resolve com surtos legisferantes.
"A droga patrocina a violência nas escolas, impondo medo aos alunos, professores e pais, sendo muito comum notícias de acertos de contas entre traficantes dentro dos corredores das escolas da periferia", atesta Denis Mizne, do Instituto Sou da Paz.
Os ministros da Educação e da Justiça devem ao país uma articulação nacional com estados e municípios em torno de um programa de segurança escolar.
É pouco, muito pouco confortador, ouvir o prefeito Eduardo Paes afirmar que crimes como o de ontem não têm como ser impedidos. O conformismo do prefeito é questionável.
Melhor arregaçar as mangas e reduzir ao mínimo as chances de êxito de outros candidatos a personagem de uma versão tupiniquim de "Tiros em Columbine".
Começar pelo mais simples, como, por exemplo, processos seletivos e de treinamentopara porteiros de escolas públicas.
Idéia que não é nova mas que, pasmem, sucumbiu diante de indicações políticas que não poupa sequer esse tipo de posto.