Corregedoria abre sindicância para apurar campanha do Ministério Público sobre consumo de carne

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Por João Bosco Rabello
Atualização:

Disposição dos produtores, através da CNA, é a de investigar por quem campanha foi estimulada. Foto: Pablo Valadares/AE

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A Corregedoria do Ministério Público abriu sindicância para apurar o envolvimento da instituição na produção de vídeos de uma campanha pela conscientização do consumo da carne brasileira.

Intitulada "Carne Legal" e composta de três vídeos, de trinta segundos cada um, a campanha vincula a carne nacional a fazendas ilegais, desmatamento, trabalho escravo e lavagem de dinheiro e foi contestada judicialmente pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA), além de incomodar o próprio governo federal, que a viu como uma peça contrária aos interesses comerciais do Brasil.

Em recente passagem pelos fóruns de negociação da União Européia, autoridades brasileiras constataram que a campanha acrescentou mais um pretexto protecionista contra o Brasil no continente europeu, onde os índices de exportação caíram 85% em 2009.

Além disso, a campanha teve seu custo, de R$ 349 mil, bancado pela Fundação Padre Anchieta, que mantém contrato com o Ministério Público Federal de prestação de serviços audiovisuais para veiculação na TV Justiça. Os recursos foram desviados para outra finalidade.

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O kit completo é composto dos três vídeos, um documentário de 30 minutos, no valor de R$ 114 mil, mais 200 mil folhetos explicativos, no valor de R$ 24 mil, e mil adesivos, no valor de R$ 2,2 mil.

Em ofício enviado ontem à presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), a corregedora-geral, Ela Wiecko de Castilho, informa a abertura de sindicância para apurar a iniciativa e autorização da campanha pelo sub-procurador-geral Eugênio Aragão, e pelos procuradores Carlos Frederico Santos, Daniel César Azeredo Avelino e Alan Rogério Mansur Silva.

A disposição dos produtores, através da CNA, é a de investigar se a campanha foi estimulada por ONGs ou entidades representativas de segmentos do comércio internacional concorrentes do Brasil.

"Vamos às últimas consequências nesse caso, porque essa iniciativa do MP é estranha", disse a senadora Kátia Abreu.

Nesse contexto, ela não descarta a convocação dos procuradores, ou de um deles, para depoimento no Congresso.

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