Cardozo explica que a única reunião que teve foi com representantes da Odebrecht, agendada formalmente a pedido da área jurídica da empresa. Em pauta, segundo o ministro, dois aspectos das investigações. O primeiro, quanto à tramitação legal dos pedidos de informações e documentos a países sedes de bancos depositários de recursos ilegais lá depositados.
O segundo, quanto à queixa dos representantes da empresa de pouco ou nenhum empenho da Polícia Federal na apuração dos vazamentos de depoimentos feitos sob o sigilo de justiça. Em ambos os casos disse o ministro ter adotado a cautela de informar aos interlocutores que receberia seus relatos com os "rigores formais".
Segundo Cardozo, esse rigor resultou na elaboração de duas representações - uma encaminhada ao Ministério Público para esclarecimentos sobre a tramitação dos pedidos de colaboração com outros países; outra para ele mesmo sobre a suposta negligência da PF na apuração dos vazamentos.
Cardozo deu essas explicações a propósito de nota publicada aqui a respeito de informação atribuída pela revista Veja ao empresário Ricardo Pessoa, segundo a qual ele teria tomado a iniciativa de sugerir aos advogados da UTC que evitassem a delação premiada do empresário.
Essa informação inverte a iniciativa da suposta conversa em que o ministro teria desaconselhado a delação premiada pela qual se inclina o empresário e que produziu pressões sobre o PT, o ex-presidente Lula e sobre o governo.
O ministro diz que, desde as primeiras notícias sobre a reunião com a Odebrecht existe uma "confusão fática" - formal e de conteúdo. Segundo ele, não houve duas reuniões, mas apenas uma - com a Odebrecht e a pedido dela, onde se tratou dos temas já mencionados.
Ainda de acordo com o ministro, um rápido encontro na sua antessala com o advogado Sérgio Renault produziu a versão de uma reunião formal para tratar da operação Lava Jato, na qual, teria desaconselhado a delação premiada do cliente de seu interlocutor. "Na versão da revista, Pessoa vai de encontro a uma reunião que eu afirmo nunca ter existido", disse o ministro.
Cardozo reafirmou que deixou sua sala com o advogado Sigmaringa Seixas e teve brevíssimo contato com Renault, em que nem caberia, pelo tempo e circunstância, a abordagem da investigação. Renault, segundo o ministro, aguardava Sigmaringa para um almoço previamente combinado.
Fica o registro do esclarecimento de Cardozo, provocado por nota anterior deste blog.