A generalização é sempre injusta e imperfeita como informação.
Mas enquanto a reforma política, essa lenda brasileira, não acontece, o Parlamento poderia promover mudanças pontuais que eliminassem, pelo menos, as aberrações do sistema eleitoral.
Caso dos suplentes que hoje representam a terça parte do Senado. Ou seja, 27 dos 81 senadores não foram eleitos e não têm qualquer compromisso com o eleitor, que, mais das vezes, sequer o conhece.
Mofa numa gaveta qualquer do Senado, desde 2007, projeto de emenda constitucional da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que prevê eleições para substitutos de senadores e proíbe que parentes de titulares de mandato assumam o cargo como suplentes.
Claro, jamais chegou ao plenário.
Enquanto isso, na legislatura que começa dia 1º de fevereiro, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), titular do Ministério das Minas e Energia, fez do filho, Edison Lobão Filho, senador na sua vaga.
Com o mesmo nome, Garibaldi Alves (PMDB-RN), o pai do senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), empossado ministro da Previdência, assumiu o mandato no Senado semana passada, como suplente, nos próximos quatro anos, da ex-senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) que renunciou ao mandato para assumir o governo do Rio Grande do Norte.
A exemplo do que ocorre na Câmara dos Deputados, o Senado também terá de pagar aos suplentes que assumirem o cargo apenas neste mês de recesso parlamentar.
Ou seja, quando a Casa interrompe suas atividades e não há absolutamente nada para fazer.
Num total de cinco, eles substituirão senadores no final do mandato, que não se reelegeram e que assumiram cargos de ministros ou secretários de Estado.
Cada um deles receberá por 30 dias demandato o salário integralde R$ 16,5 mil, verba indenizatória de R$ 15 mil, auxílio moradia de R$ 3,8 mil, além de passagens aéreas e cota mensal para correios, telefones fixos e gasolina.
No decorrer do mês, o suplente pode ainda usar o serviço médico e dentário. Até 2001- pasmem - os suplentes ganhavam o direito ao atendimento médico vitalício, como é assegurado aos senadores eleitos.
A mordomia provocou tantos protestos que o Senado resolveu mudar e, agora, só os que exercerem o mandato, pelo menos seis meses, é que têm direito a plano vitalício de saúde.
O que continua uma aberração: é o prazo de carência em que os mortais comuns pagam os planos de saúde, sem receber atendimento médico, o que só ocorre a partir de então.
Outro efeito colateral é que alguns suplentes aproveitam a oportunidade e a falta de compromisso com o eleitor - que nem sabe quem ele é- para "abraçar" causas impopulares e até mesmo suspeitas.