A versão de Agnelo Queiroz

Do pré-candidato ao governo de Brasília Agnelo Queiroz (PT-DF), recebi a carta abaixo, em que justifica sua decisão de silenciar sobre os vídeos de Durval Barbosa, aos quais teve acesso antes de virem à tona.

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Por João Bosco Rabello
Atualização:

 Foto: Estadão

A carta, como se nota pelo título,  foi endereçada ao PT,  seu partido, onde também sofre contestação pelo mesma razão que registrei em comentário feito nesse espaço.

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Pelo dever do ofício, publico a carta para comentá-la depois:

"CARTA ABERTA ÀS COMPANHEIRAS E AOS COMPANHEIROS DO PT

Nos últimos dias tivemos, infelizmente, a comprovação do que já suspeitávamos há tempos: têm origem em companheiros de nosso partido as insinuações de que eu teria cometido uma grave transgressão ao assistir, antes que fossem divulgadas a partir da operação Caixa de Pandora, gravações feitas pelo ex-secretário Durval Barbosa.

Esse fato vem sendo usado em uma orquestrada campanha contra minha candidatura ao governo do Distrito Federal. Começou em conversas de companheiros nossos com dirigentes de outros partidos políticos, continuou com a plantação de notas em colunas e blogs.

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Depois, passaram a dizer que existiria uma gravação com Durval Barbosa que me incriminaria, inviabilizando minha candidatura. Agora, finalmente, o assunto foi tratado abertamente por companheiros do PT nos debates visando às eleições prévias que se realizarão no dia 21.

É claro que essas acusações levianas contra mim extrapolam o PT são exploradas também por nossos adversários políticos, que espalham, anonimamente, boatos sem qualquer fundamento. Mas o que mais me indigna é que estejam sendo instrumento da luta política interna no PT, numa atitude desleal e prejudicial ao partido.

Por isso, volto a tratar do assunto, em consideração às companheiras e companheiros do PT. Não cometi nenhum ato ilícito, não feri nenhum procedimento ético, não assumi nenhum compromisso político ao assistir às gravações e não errei ao manter em sigilo o que havia visto. As acusações que me fazem têm por objetivo tentar prejudicar minha candidatura ao governo do Distrito Federal e atingir o PT no momento em que o partido tem plenas condições de voltar ao governo do Distrito Federal.

Conforme já contei em meu blog, cerca de dois meses antes da operação Caixa de Pandora fui convidado pelo jornalista Edson Sombra, que conheço há mais de 20 anos, a ver gravações que, segundo ele, comprovariam atos de corrupção no governo do Distrito Federal.

Disse-me ele que o então secretário Durval Barbosa estava exibindo as gravações para jornalistas, políticos e outras pessoas, pois se sentia fragilizado e buscava respaldo para denunciar as irregularidades, uma vez que estavam tentando responsabilizá-lo por elas.

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Fui sozinho, no meio da tarde de um dia útil, ao gabinete do então secretário de Articulação Institucional do GDF, Durval Barbosa, no anexo do Palácio do Buriti. No corredor fui recebido pelo jornalista Edson Sombra, que me apresentou a Durval Barbosa.

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O local é público e de grande movimento. Não tive nenhuma preocupação por estar sendo visto, pois nada estava fazendo de errado ao ir, à luz do dia, ao gabinete de um secretário do GDF. Nada tinha e nada tenho a esconder.

Como sabem, fui deputado distrital na primeira legislatura, exerci três mandatos de deputado federal, fui ministro do Esporte e candidato ao Senado muito bem votado. Sou político atuante e de vida limpa. É natural que tenha aceitado o convite de um amigo de longa data para conhecer possíveis provas de corrupção no governo do DF, ao qual fazia e faço oposição.

Em toda minha vida pública nunca tive receio de conversar com qualquer autoridade de qualquer governo, pois tenho a convicção de que só têm medo de conversar com adversários os que não confiam em si próprios.

Assisti a três gravações que me foram mostradas. Uma, em que o então governador José Roberto Arruda recebia dinheiro de uma pessoa que não aparecia no vídeo. Outra, em que o então deputado Leonardo Prudente recebia dinheiro. Não me lembro qual era o personagem da terceira, que não soube identificar.

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Minha impressão foi de que as gravações haviam sido editadas. Depois, com a divulgação pública, vi que estava certo, pois no material a mim mostrado não aparecia o então secretário Durval Barbosa.

Mantive sigilo sobre o que havia visto. Qualquer atitude minha, sem ter as gravações em meu poder e sem ter como comprovar a autenticidade delas, poderia ser interpretada como ação político-eleitoral de um possível candidato e assim prejudicar as denúncias que Durval Barbosa dizia que iria fazer.

Eu não tinha como provar nada e não tinha certeza de que o então secretário entregaria as gravações ao Ministério Público e à polícia, para comprovar minhas acusações.

Não comentei o assunto sequer com meus correligionários e amigos mais próximos, para evitar especulações e não ser leviano. Dizem, em tom de ameaça, que Durval Barbosagravou minha presença em seu gabinete.

Como já disse, torço para que tenha mesmo gravado, para que fique claramente demonstrado que, ao contrário do que insinuam maldosamente adversários políticos, não tratei de nenhum outro assunto com ele e não cometi nenhum ato ilícito.

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A gravação, se existe, mostrará que durante minha presença no gabinete do então secretário limitei-me a assistir às imagens que ele me mostrou.

Lamento que esse episódio continue sendo explorado com interpretações intencionalmente equivocadas e de má-fé e com insinuações de que eu teria feito acordos ou compromissos com o ex-secretário Durval Barbosa.

Nada fiz de errado e nada tenho a temer.

Brasília, 3 de março de 2010

Agnelo Queiroz"

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