Apesar desse desabafo da minha parte, algumas ações importantes estão acontecendo em municípios remotos deste País. É o caso da população da cidade de Arvorezinha, no Rio Grande do Sul. Nesta terça-feira, 03, os moradores ocuparam o plenário da Câmara Municipal para pedir a votação do projeto de iniciativa popular que pretende reduzir os salários dos vereadores para um salário mínimo, que hoje está em R$ 788,00. No entanto, os vereadores protelaram a apreciação da matéria. Mais de 200 pessoas apoiaram a iniciativa do Movimento Mobiliza Arvorezinha, que encabeçou o primeiro projeto de Lei de Origem Popular.
A proposta vai além do salário mínimo: quer a diminuição dos subsídios dos vereadores, acabar com cargos em comissão e determina que as sessões ordinárias e extraordinárias do Legislativo sejam feitas a partir das 19h."É visível a crise econômica que o nosso país, estado e município enfrentam. Estamos desde o mês de agosto em turno único, com atendimento escasso à comunidade, sem contar a falta de incentivos aos agricultores e empreendedores. Outros municípios estão reduzindo os salários dos agentes públicos. Não estamos apresentando o projeto de forma a desmerecer alguém, mas visando somente o desenvolvimento de nosso município, quando teremos uma economia de mais de R$ 1,7 milhão em quatro anos", declarou a presidente do movimento Carla Pompermaier Zanotelli. Ela pediu aos vereadores que, independente de partidos políticos, ouvissem a voz da população. Os moradores de Arvorezinha se manifestaram em peso e 1257 assinaturas foram entregues à Câmara Municipal.
A presidente do Movimento Mobiliza Arvorezinha também se baseia na lei para defender o primeiro projeto de lei de iniciativa popular da cidade: "Os artigos 100 e 78 da Lei Orgânica são claros, para a população fazer um projeto de lei de origem popular precisa de 3% das assinaturas dos eleitores que votaram no último pleito, conseguimos seis vezes mais do que isso, e por isso trazemos as reivindicações da comunidade, nestes artigos não se veda nada, então entende-se quetodas as matérias são pertinentes, do contrário, tudo compete ao Legislativo e ao Executivo, o povo nunca é chamado para fazer um projeto de lei. Com relação à legislação, estamos abertos a compor com os vereadores e ajustar a parte burocrática, porque o que importa para o povo é que seus anseios sejam atendidos, a forma é o de menos. Na minha opinião se há vontade política de fazer se encontram formas, a lei se muda, se adequa, conforme a demanda da população, o que não podemos admitir é que a Câmara tente ignorar o forte apelo popular apresentando um parecer jurídico fajuto, o povo está aqui e quer ser ouvido". A população de Arvorezinha dando uma baita lição ao resto dos brasileiros, que deveriam falar menos e agir mais.