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Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

Que país é esse?

A bandeira é vermelha, amarela e azul. Seu território fica localizado na América do Sul. Lá não existiam candidatos do PT e tampouco do PSDB nas eleições locais. Sequer apoio aos pretendentes essas legendas ofertavam formalmente. Em eleições passadas verificamos crimes como o assassinato. A terra tem marcas de violência em sua história. Que lugar é esse? Não estamos falando da Venezuela, tampouco do Equador. O governo de nosso objeto de análise está nas mãos de um partido classificado pela ciência política como de direita faz anos. Então ficou fácil: com todas essas características estamos falando na Colômbia. Sim! Acertou! Colômbia!

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Por Redação
Atualização:

 

Por lá PT e PSDB não lançaram candidatos na história recente. Desde 1996, por exemplo, quem controla o poder são legendas de direita, numa briga que em alguns instantes se concentrou entre dois personagens bem conhecidos localmente. O primeiro de uma família de japoneses que além de ter governado a cidade chegou a possuir, em anos recentes, cerca de um terço da Câmara Municipal sob seu sobrenome - falamos dos Nozaki. Em 2012, pelo PSD, Rinaldo foi derrotado - esqueça aquela história de Kassab sobre ideologia, o PSD é de direita! O segundo é um grupo que tinha em Augustinho seu principal agente captador de votos.

 

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Mas espere um pouco? O que a Colômbia tem a ver com Augustinho, os Nozaki e outros personagens que nunca disputaram o Palácio de Nariño? Nada! Absolutamente nada. A nossa Colômbia não é uma nação. Ela fica localizada pertinho de Barretos, no interior de São Paulo, às margens do Rio Grande - 470 quilômetros da capital. Do outro lado das águas que a banham não fica o oriente, mas sim Planura, cidade de Minas Gerais que abriga uma das usinas de Furnas. Mas e as cores, a bandeira, a direita, a localização, a ausência de dois dos principais partidos brasileiros e a violência? Tudo verdade. PT e PSDB não participaram das eleições majoritárias recentes, legendas classificadas à direita dominam a cidade - destaque para PP e PTB -, a bandeira tem as cores do país vizinho, o território está na América do Sul e a violência marcou o processo eleitoral. Por sinal, Colômbia nasceu Porto Cemitério, pois o aporte de balsas vindas do estado vizinho antes da construção da ponte e o grande fluxo de pessoas por vezes terminavam em brigas sangrentas.

 

Em 2012 os motivos foram outros, mas no distrito de Laranjeiras, no caminho para Barretos, a morte deu o ar da graça em uma briga de bar após um comício. A descrição do crime é tensa. Facadas, feridos e coisas do tipo amedrontaram Colômbia. Tudo assombroso e, ao mesmo tempo, comum. Comum? Caderno recente do jornal O Estado de S. Paulo revela centenas de mortes por razões políticas no país. Contabilizam-se mais de 1,1 mil em cerca de 35 anos. Em 2012, de acordo com a EBC, a justiça eleitoral anunciava que 40 mil homens das forças armadas trabalhariam em cerca de 400 cidades distribuídas em 11 estados - os pedidos superaram muito a oferta. Percebe? Não estamos na Colômbia das FARC, mas sim no Brasil, onde a violência eleitoral é mais comum do que podemos imaginar. O resto é tudo coincidência...

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