Para termos uma ideia da dimensão paquidérmica desse problema na história critica-se esse desequilíbrio desde o Império. Isso mesmo. Está lá, no livro "1889" de Laurentino Gomes. Mas o federalismo não deveria ter sido proclamado, também, para atenuar tais problemas? Esqueça... Não foi Paulo Prado quem disse em 1928 que temos o péssimo hábito de copiar tudo? Do palito de dente ao cabo de vassoura? Pois bem. O golpe militar de 1889 teria apenas feito o Brasil tomar emprestado dos norte-americanos o nome de República dos Estados Unidos do Brasil - só para avisar José Serra, esse nome foi abandonado em 15 de março de 1967 - sem que isso representasse autonomia aos "estados unidos". Assim, o que fazer? Como ofertar às cidades grau de independência financeira capaz de permitir ações condizentes com desejos mais locais? Isso mesmo: independência!
Não temos resposta para isso, mas a história de uma cidade potiguar pode ajudar-nos a entender o desafio. Lá está ela, no topo do elefante, perto do pescoço, como se estivesse a guiar o imenso mamífero. Seu nome? Pendências. Isso mesmo: Pendências. Que recebeu o nome porque índios e portugueses não se entendiam sobre a posse de terras. O passado de lutas se tornou cidade, mas antes disso o povoado se chamou Independência, a partir de 1922. Percebe? Se Independência se tornou Pendências, seríamos capazes de sonhar com o movimento contrário? As pendências financeiras poderiam se transformar em independência com um novo pacto federativo? Difícil dizer. Tão complexo quanto solucionarmos lutas históricas para a definição de donos de terras, ou seja, tão desafiador quanto resolver certas pendências! Ajuda no tom pessimista o nome da coligação que venceu o pleito majoritário em 2012 na cidade: "Pendências não pode parar". Pois é, elas realmente não param nunca.