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Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

O outro ABC

Por Eder Brito

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Por Redação
Atualização:

Pesquisa do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) indicou no final de 2013 que São Caetano do Sul, cidade paulista tem o melhor IDH municipal do Brasil. O IDH-M mede as mais importantes áreas do desenvolvimento humano: vida longa e saudável (longevidade), acesso ao conhecimento (educação) e padrão de vida (renda). O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo do 1, melhor. Em São Caetano do Sul, o indicador aponta 0,862.

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Distante quase três mil quilômetros do melhor município brasileiro, fica outro São Caetano. São Caetano de Odivelas, município do Pará onde o número não passa de 0,562 e onde até o final de 2012 o prefeito era Rubens Barbalho. O sobrenome já passou aqui pelo blog dia desses, lembrando da família de Jader, primo de Rubens, Senador e político mais famoso de um clã. Agora o comando é de Mauro Rodrigues Chagas, do PSDB até o final de 2016, se tudo der certo.

Voltando ao ABC paulista, Santo André, vizinha de São Caetano do Sul, não faz feio no desenvolvimento humano e mostra um IDH-M de 0,815. Andemos 2.600 quilômetros até o nordeste brasileiro e encontraremos outra situação em Santo André, desta vez um município da Paraíba. Localizados estratégica e religiosamente entre as cidades de São José do Egito e Brejo da Madre de Deus, os santoandreenses nordestinos enfrentam a infelizmente famosa seca nordestina, com índices pluviométricos e de aridez que devem ser ainda mais complexos do que o IDH-M, que não passa de 0,599.

E quando olhamos para São Bernardo do Campo, o IDH-M volta a "sorrir", atingindo 0,805. O município, assim como toda a região do ABC paulista é berço dos movimentos sindicais e sociais que muito têm a ver com a atual conjuntura político-partidária do país, especialmente em nível federal. Assim como o ex-presidente Lula, símbolo desta fase da história, o primo pobre do município também é nordestino. São Bernardo, cidade maranhense distante quase três mil quilômetros do homônimo paulista não tem motivos para se orgulhar do 0,572 que o cálculo de seu IDH-M exibe como resultado.

Se considerarmos o índice da ONU, os três municípios do ABC paulista estão entre os 30 melhores lugares para se viver no Brasil. São Caetano do Sul em 1º, Santo André em 14º e São Bernardo do Campo em 28º. Quando olhamos para o ABC do Norte e do Nordeste, a figura é diferente. As posições vão de 4.144 (Santo André-PB) a 4.802 (São Bernardo-MA), passando por um nenhum pouco expressivo 4515 (São Caetano de Odivelas-PA). A análise não conclui nada genial e nada novo: ainda há um abismo de desigualdade entre as regiões sudeste, nordeste e norte do país. Isto não significa que o alarme não deve ressoar.

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Não foram "cruzados" outros dados que ajudem a contextualizar melhor a situação destes municípios e das figuras que compõem a cultura política local por lá. Além dos já citados Barbalho em São Caetano de Odivelas, basta uma análise simples para ver que Coraninho, Prefeito de São Bernardo é considerado um "oligarca" da região e que Fenelon Medeiros Filho, ex-prefeito e candidato derrotado em 2012 aparecerá como um dos mais ricos políticos da Paraíba, pelo menos de acordo com a declaração de bens do candidato à Justiça Eleitoral.

Ou seja: não dá pra dizer que André, Bernardo e Caetano, os santos de casa neste caso, estão fazendo milagres em intensidade diferentes. Há muito mais que se analisar, mas principalmente, uma necessidade de continuar priorizando algumas regiões do país. Esta parte é a parte indiscutível.

 

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