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Crônicas sobre política municipal. Cultura brasileira local sob olhar provocativo | Colaboradores: Eder Brito, Camila Tuchlinski, Marcos Silveira e Patricia Tavares.

Legislativo que deixa marcas

Por Eder Brito

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Por Redação
Atualização:

Tente adentrar a Câmara Municipal de Suzano, município da Grande São Paulo e encontrar o gabinete do Vereador Marcos Antônio dos Santos, eleito pelo PTB. Você provavelmente vai encarar uma sequência de informações desencontradas, até perceber que a figura política em questão atende por outros três nomes: Maizena Dunga Vans. O apelido original é o primeiro, referência à famosa marca de amido de milho. Na infância, o vereador era o mais "branquinho" entre todos os amigos que jogavam futebol nas ruas do Miguel Badra, bairro de Suzano que até hoje é defendido e principal foco de atuação de seu mandato. Antes da vida política, os amigos do então vendedor das Casas Bahia e a similaridade física com o ex-treinador da Seleção Brasileira providenciaram a segunda parte do apelido: Dunga. O último deles não tem nada a ver com a marca de tênis americana. Logo depois que saiu das Casas Bahia, o futuro vereador começou a trabalhar com fretamento de... vans. No processo de planejar a campanha, não teve dúvidas e usou os três: Maizena Dunga Vans.

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Maizena não é o único vereador brasileiro que usou do artifício, indicador que mostra um pouco das técnicas de marketing político no país e, consequentemente, a qualidade do voto brasileiro. Na Câmara Municipal de Paranavaí, no Paraná, o vereador Roberto Cauneto Picorelli (PSD) foi o mais votado das Eleições 2012 sob a alcunha de outro famoso produto branquinho: o Pó Royal. Ainda em terras paranaenses, a cidade de Arapoti elegeu o vereador Toddynho, parlamentar do PTC que quase ninguém sabe que se chama Claudinei. Uma pena que Racenilton Roque tenha recebido apenas 46 votos no município de Bonfim, em Roraima. Conhecido como Nescau, ele poderia iniciar uma tendência achocolatada interessante no mundo legislativo municipal brasileiro. E a variação de misturas lácteas viu sua potencial tendência degringolar mesmo quando José Lucilone, o Mucilon deixou de ser eleito em Maracanaú, no Ceará. Teve apenas 88 votos e ficou como suplente da Câmara.

A divertida análise do criativo legislativo brasileiro fica mais "gaseificada" no Mato Grosso. Na cidade de Sinop, o PSD elegeu Carlão Coca-Cola com 1.255 votos. Nascido Carlos Haílton Ribeiro Leite, ele se juntou à coligação "Sinop no Coração" e ignorou a bebida de origem animal do nome de batismo. Deu certo. Outro refrigerante mexeu com o imaginário alimentício-eleitoral do brasileiro, desta vez no Maranhão. A cidade de São João do Carú elegeu Francivaldo Macedo Costa, do PRB. O apelido e nome de campanha? Fanta.

No final das contas, o vereador brasileiro é mesmo criativo e versátil. Mas nem todos são tão versáteis quanto Leonardo Diógenes Coelho. O vereador mais jovem de Dores do Indaiá, cidade mineira é popularmente chamado de Léo Bombril. Foi eleito, mas em dez meses de mandato ainda não teve tempo de apresentar 1001 projetos de lei. A conferir.

 

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