Em 2014, durante o processo de campanhas eleitorais na região norte, associações indígenas tentaram se unir em torno de alguns nomes. Caciquesde Roraima (os verdadeiros, não os "caciques" políticos) fizeram até um processo inédito de unificar algumas etnias, em busca da eleição de pelo menos um deputado estadual e um federal, sob o lema "índio vota em índio". Mário Nicácio Wapixana teve 2.064 votos e não conseguiu chegar à Assembléia Legislativa. Aldenir Wapixana teve apenas 1.936 votos e também passou longe de conseguir uma vaga na Câmara dos Deputados.
Mas o Brasil já possui muitos vereadores indígenas. O fato é importante e não pode ser considerado secundário em uma nação que ainda não conseguiu tirar os conflitos por demarcações de terras indígenas das agendas mais polêmicas das políticas públicas e das páginas mais sangrentas da imprensa.
Em Jacareacanga, no Pará, 4 dos 12 vereadores da cidade são da etnia Munduruku. Povo considerado "aguerrido" de acordo com sua história, já chegaram a ocupar toda a região do Vale do Tapajós, no Pará. Hoje lutam contra o garimpo ilegal e contra a construção de uma hidrovia na região. Em Jacareacanga, são representados na Câmara por Elinaldo Crixi Munduruku, Rosenlido Saw Munduruku, Adonias Kaba Munduruku e Gerson Barbosa Manhuary Munduruku, segundo mais votado da cidade em 2012.
No Centro-oeste já foi criada até uma Associação de Vereadores Indígenas do Mato Grosso do Sul, com parlamentares representantes de seis municípios. São presididos pelo vereador Aguilera de Souza, da etnia Guarani-Nhandeva, primeiro indígena a exercer mandato no município de Dourados.
No Sudeste, o município de Aracruz, no Espírito Santo, viu seu primeiro parlamentar indígena assumir uma cadeira na Câmara Municipal em 2015. Ervaldo Santana Almeida, popularmente conhecido como Ervaldo Inídio, assumiu a vaga de um vereador eleito como deputado estadual capixaba. Foi para a posse de terno e cocar.
Mas talvez seja o vereador Roberto Naham-Paoro Win, de Guajará-Mirim Rondônia que tenha melhor resumido a ação política indígena. No Encontro de Vereadores da Região Norte realizado em 2015, ele admitiu. "Política não faz parte da nossa cultura, mas temos que começar a andar com as próprias pernas. É por isso que entrei na política".