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Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

Rimas regionais e rimas da morte

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Por Redação
Atualização:

Cristovão Henrique, Doutor em Geografia Econômica pela (UFGD), Pós-Doutor em Geoeconomia pela UFG e Professor da Universidade Federal do Acre (UFAC). Administra o site geoeconomico.com.br

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Segundo ano da pandemia de COVID-19 e hoje, 29 de abril de 2021, atingiremos a trágica marca de 400 mil mortos pela doença. Um número simbólico, que ao contabilizá-los, na frieza das estatísticas, escapa a dor e luto dos que perderam seus entes queridos. O Governo Federal do Brasil, sob a batuta do Presidente da República Jair Bolsonaro (Sem partido), falhou miseravelmente em conter a curva epidemiológica ascendente de contágio do novo coronavírus e, deu ao Chefe do Poder Executivo, um palanque montado sob urnas funerárias.

Pensar o Brasil nesse momento passa necessariamente por um exercício difícil e pesaroso que na contabilidade diária de mortes evitáveis, assistimos uma ciranda regional de colapsos dos sistemas de saúde e funerário. Agora, com a CPI da COVID-19, instalada no Senado Federal, o Governo do Capitão Cloroquina tenta encontrar uma narrativa que neutralize a possibilidade da relatoria do óbvio: o maior morticínio que esse país já experienciou na sua história recente. Nesse momento, o descaso sanitário que levou o Brasil ao recorde cotidiano de mortes, possui um combo mórbido, vacinação lenta e/ou cidades com a vacinação paralisada (Mapa 1). De sorte, temos hidroxicloroquina estocadas para os próximos 18 anos, caso haja uma epidemia de malária na Amazônia, já que, contra a COVID-19 é cientificamente comprovado que o medicamento não é eficaz, e, seu uso indiscriminado faz mal à saúde.

Mapa 1. Mortes por 100mi/ hab e doses de CoronaVac/Astrazeneca administradas (28 de abril de 2021)

 Foto: Estadão

Enquanto isso, o contágio regional continua seu curso natural, como um efeito dominó, cujas novas variantes são espalhadas pelo território nacional dando sentenças regionais de mortes mais mortes em virtude da propagação rápida e desenfreada. Em janeiro, no Estado do Amazonas, em março, no Rio Grande do Sul e, segue assim, de Norte a Sul, de Leste a Oeste a tragédia humanitária que assola o país. Aliás, por onde andam as ações do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da COVID-19? As regiões mais pobres, aqui me refiro a regiões por conveniência de quem escreve, mas estamos falando de pessoas que moram nos rincões desse país, que foram jogadas à mercê sorte de uma política pública propositalmente homicida.

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Enfim, a tragédia está feita, com uma ciranda regional do abre e fecha da economia fragilizada continuará ao longo do ano de 2021. Pensem isso: 400 mil pessoas mortas por COVID-19, é como se uma cidade, do tamanho da capital do Estado do Acre, Rio Branco, onde eu moro e trabalho desaparecesse, e, agora enquanto escrevo eu só posso imaginar a dor dos que ficaram. Perdemos amigos e amigas, pais e mães, avós e avôs, filhos e filhas sem nem termos o sagrado direito do velório.

Os sobreviventes e os órfãos dessa tragédia à moda brasileira, com um jeitinho tentam tocar a vida, seguindo protocolos quando dá, comendo quando dá, respirando quando dá. Sem saber quando a vacinação em massa chegará no braço e/ou quando a comida chegará no prato.

A única certeza que fica para nós brasileiros, é que estamos isolados do mundo com Jair Bolsonaro, em uma espécie de apartheid sanitário global. Parafraseando o Romancista Amós Oz e sua obra, Rimas da Vida e da Morte de 2007, nesse cenário fúnebre, contando mortos dia após dia, assistindo regiões inteiras colapsarem com a pandemia, temos rimas regionais e da morte.

REFERÊNCIAS

Data SUS - COVID-19 - Ministério da Saúde Insumos - https://covid.saude.gov.br/

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Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME) https://covid19.healthdata.org/brazil

IBGE, Cidades, Rio Branco/AC. 2021 - https://bit.ly/32Vm0mA

AMÓS OZ. Rimas da vida, Rimas da Morte. 2007.

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