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Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

Quantas lideranças femininas te inspiram?

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Por Redação
Atualização:

Paula Lottenberg, formada em Administração Pública (FGV-EAESP), Mestranda em Gestão de Políticas Públicas (FGV-EAESP) e Analista do Instituto Vamos Juntas

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Embora haja progresso na participação feminina em cargos de liderança no mercado de trabalho global, essa transformação vem sendo muito lenta. Desde 2015, o número de mulheres na liderança corporativa cresceu apenas de 17% para 21%. Alguns países, como França e Noruega, se destacam como exemplos em que as empresas têm em média mais de 40% de representação feminina em um conselho de administração. Diversos estudos já comprovaram que para além da representatividade feminina, o equilíbrio entre gêneros na liderança das organizações já se provou necessário e benéfico em diversas áreas.

Um relatório da Harvard Business School traz exemplos de como o desempenho dos negócios pode melhorar quando as empresas tomam decisões a favor da inclusão e da diversidade. O estudo aponta que, quanto mais parecidos são os parceiros de um investimento, menor é o desempenho deste. As empresas de capital de risco que aumentaram sua proporção de contratações de mulheres em 10% tiveram, em média, um aumento de 1,5% no retorno dos investimentos por ano.

Na área da ciência da computação, apenas 12% dos profissionais são mulheres; em engenharia de dados,15%, e em inteligência artificial,26%, o que vai na contramão de uma pesquisa da Deloitte[1], que sugere que empresas com maior diversidade têm seis vezes mais chances de serem inovadoras e são duas vezes mais capazes de atingir suas metas financeiras.

É possível enxergar que esse avanço vem ocorrendo também na política. Em 2020, as mulheres ocupavam 25,2% dos assentos parlamentares e 21,2% dos cargos ministeriais no mundo, em comparação com 24,1% e 19%, respectivamente, em 2019. Ainda assim, é pouco. Embora lideranças femininas tenham se destacado globalmente por seu melhor desempenho na gestão da pandemia de COVID-19, as mulheres representam menos de um terço dos cargos de liderança na administração pública em todo o mundo, de acordo com novos dados do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) e o Laboratório de Pesquisa de Desigualdade de Gênero (GIRL) da Universidade de Pittsburgh.

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A igualdade de gênero é essencial para uma administração pública inclusiva e responsável. Quando as mulheres assumem papéis de liderança, os governos são mais responsivos e responsáveis, e a qualidade dos serviços públicos prestados melhora significativamente, de acordo com os novos dados do relatório do PNUD. Por exemplo, os dados mostram que, quando as mulheres estão no poder, as questões políticas que são muitas vezes despriorizadas, como o enfrentamento à violência contra as mulheres ou serviços de creche e saúde, recebem mais atenção e geralmente há menos corrupção no governo; além disso, os partidos políticos têm maior probabilidade de trabalharem juntos.

Com as mulheres ausentes na tomada de decisões e sub-representadas em posições de liderança, torna-se mais difícil avançar nos resultados econômicos e caminhar para a saída da crise na qual nos encontramos. Para estimular o desenvolvimento das meninas, para que elas aspirem a posições de liderança, é preciso encontrar mentoras e modelos femininos, demonstrar confiança e criar um ambiente que incentive a colaboração entre elas. Não podemos mais adiar a priorização à busca pela paridade de gênero em cargos de liderança se queremos ver desenvolvimento significativo em nosso país.

Nota

1. Conferir: https://www2.deloitte.com/content/dam/insights/us/articles/4209_Diversity-and-inclusion-revolution/DI_Diversity-and-inclusion-revolution.pdf

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