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Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

Pesquisas, programas e fatos políticos pertinentes

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Por Redação
Atualização:

Ruben C. Keinert, Professor titular aposentado da FGV-EAESP

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As últimas pesquisas vêm confirmando a liderança de Lula para a próxima presidencial e o segundo lugar para Jair Bolsonaro, no primeiro turno. Confirmam também que o porcentual das intenções de votos consolidados que os dois detêm - por volta de 75% do eleitorado - torna muito difícil o aparecimento de outra candidatura competitiva, embora nada impeça, obviamente, que outros postulantes continuem articulando apoios e alianças na expectativa de reviravoltas após o início oficial da campanha.

É nesse diapasão que aparece a pré-candidatura Simone Tebet/Tasso Jereissati, lançada contra a realidade numérica que veio desestimulando várias outras que ficaram pelo caminho. A chamada Terceira Via ficou reduzida a um terceiro candidato, Ciro Gomes, o primeiro nome a superar para quem pretende estar na luta vindo do pelotão de baixo. Com 7-8% das intenções, Cirão das Massas continua firme mesmo que não se vislumbre espaços para ele ocupar.

A despeito desses personagens desviantes, Tebet e Ciro, os pré-candidatos prosseguem levando em conta o que revelam as pesquisas sobre as preferências do eleitorado. As desistências são mais eloquentes do que as insistências e atestam o profissionalismo e competência dos institutos de prospecção política (ressalvadas as exceções de praxe). A constante aferição da percepção dos gestos, palavras e atos dos postulantes é crucial para retroalimentar as campanhas e para balizar os passos subsequentes.

Nessa perspectiva é que se pode entender as decisões que são tomadas pelas equipes e acertos e erros táticos e estratégicos, ainda que nem sempre acertos ajudem e nem erros prejudiquem. Há surpresas no processo. Assim, o "acerto" da campanha de Ciro em lançar um livro com o seu programa e ideias de governo não surtiu os efeitos esperados; nem os "erros" das declarações inoportunas de Lula o prejudicaram nos números; e nem os grosseiros modos de pensar, falar e agir (ou se omitir) do governo Bolsonaro parecem alterar significativamente os porcentuais no andamento da sua campanha. Embora tenham afetado os seus números básicos de adesão e rejeição.

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Aqui entra em consideração um conceito pouco lembrado, o fato político. Um gesto, palavra ou ato torna-se fato político apenas se produzir efeitos no campo da política propriamente dita, que é o da busca e manutenção do poder, e que se torna mais aguda no momento da disputa eleitoral. Para tanto, o candidato e seu entorno devem saber levar ao eleitorado o que é pertinente à campanha em dado momento. Igualmente, explorar os erros dos adversários.

A vantagem de Lula corresponde, nesse momento, ao fato de que ele personaliza um programa de governo de combate à fome, de proteção de direitos trabalhistas, de recuperação do emprego e renda, de apoio às causas das minorias e do direito à vida, de proteção ao meio ambiente e de recuperação do prestígio internacional do Brasil. Este programa é um fato político pertinente, esse é o grande acerto de Lula.

Para Bolsonaro desbancá-lo da liderança será preciso convencer o eleitor de que os problemas que ele vive serão resolvidos com religiosidade, resgate da família patriarcal, armamento da população, liberdade para a maioria impor suas concepções e combater as minorias, transformar a Amazônia em região produtiva e distanciar o Brasil dos organismos internacionais multilaterais. Ou seja, mostrar que esse programa continua politicamente pertinente, embora sem combate à corrupção e sem propostas neoliberais. E cabe a Ciro e Simone se diferenciarem desses dois programas e oferecerem opções pertinentes.

 

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