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Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

Para além de leitos, máscaras e vacinas para todos

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Por Redação
Atualização:

Nésio Fernandes de Medeiros Júnior, Médico Sanitarista, especialista em Administração da Saúde, Secretário de Estado da Saúde do Governo do Espírito Santo e vice-presidente do Conass para a região Sudeste

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A vacinação de toda a população brasileira, alcançando jovens e adultos, precisa acontecer até julho de 2021, sob pena de ocorrer uma nova expansão com o predomínio de novas variantes do SARS-COV-2 entre amplos segmentos não vacinados. Com o novo comportamento da pandemia, sem ampla cobertura vacinal, outra onda mortal da pandemia no Brasil é possível após a recuperação dessa expansão que vivemos.

Precisamos de horizontes. Uma agenda para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e a economia. Não há dicotomia. Não se trata do conflito entre direita e esquerda, entre Keynes e Hayek.

Um é instrumento do outro. Enquanto um garante dignidade na resistência à pandemia o outro garante desenvolvimento, justiça e soberania. Todos os principais países apresentaram agendas econômicas e sanitárias robustas e integradas, independentemente se governados por forças de esquerda ou de direita. Tiveram governos de lucidez na agenda econômica, social e sanitária.

No SUS, o mote precisa para ir além de leitos, máscaras e vacinas para todos. Ampliar a testagem em massa com vigilância genômica e molecular vigorosa descentralizada. Atenção Primária desenvolvida com competências de vigilância epidemiológica de campo fortalecida e ampliada.

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Quarentena/lockdown onde for necessário.

Precisamos de uma agenda clara para o SUS reconstruir com integralidade a saúde coletiva na futura fase de recuperação desse desastre epidemiológico que vivemos.

Nos próximos 60 dias, diversas revisões deverão recomendar medicamentos verdadeiros, sem charlatanismo, para tratar diversos quadros da Covid-19. Orientado por evidências disponíveis, o Ministério da Saúde deve incorporar com celeridade medicamentos que reduzem a mortalidade e tempo de internação pela Covid-19. A redução do tempo médio de internação aumenta a disponibilidade no giro do leito. Para além das respostas rápidas, precisamos de uma agenda completa para o SUS.

O "Mais Médicos para o Brasil" virou uma agenda interrompida e os "Médicos pelo Brasil" não chegaram. Não há uma agenda clara de expansão para uma Atenção Primária universal e de qualidade.

A legislação do "Mais Médicos" está consolidada e é ágil na capacidade de resposta de provimento por meio da educação pelo trabalho. As Universidades e Escolas de Saúde Pública no Brasil estão prontas para serem recrutadas em novas e grandes ondas de provimento e formação de médicos para o Brasil. A ampliação e fortalecimento da Atenção Primária em Saúde no SUS precisam ser resgatados como forma de enfrentar a pandemia.

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O Brasil está parado, precisamos de uma agenda estratégica e de união nacional. Governadores e prefeitos esgotaram a capacidade de enfrentar a pandemia sozinhos. O Congresso Nacional precisa agir conciliando a agenda com os governadores, com atores econômicos, com as Forças Armadas e com os Poderes.

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Nesta páscoa, o País passou em luto. A omissão e apatia diante da dimensão cataclísmica da pandemia exigirá futura responsabilização na justiça, da política e da história. "Lavar as mãos" não exime a responsabilidade de quem delega à "torcida negacionista" a decisão de crucificar ou não uma nação.

Não teremos resultados com improvisos, com uma gestão reativa e engolida pela "agenda do urgente" vivendo cada semana epidemiológica com a polêmica do "tuíte" da semana.

Apostamos que o Ministério da Saúde tenha habilidade para resgatar a unidade monolítica do SUS e reconstruir a confiança do povo, da academia, dos Poderes e dos gestores deste sistema que resiste e insiste em dar certo. Viva o SUS, viva o Brasil. 

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