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Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

O que esperar da disputa pelo Palácio dos Leões em 2022?

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Por Redação
Atualização:

Hesaú Rômulo, Doutorando em Ciência Política na UnB e Professor de Ciência Política na UFT

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A eleição desse ano traz alguns componentes interessantes para pensar a disputa política no Maranhão, principalmente porque reorganiza forças que até pouco tempo tinham outra configuração (e outros propósitos).

Em primeiro lugar, é preciso colocar o contexto político daquilo que estou chamando de Maranhão Pós-Dino. Esse reordenamento de vetores torna a eleição de outubro a segunda mais importante desse começo de século. Isto porque vai colocar frente a frente polos distintos que estruturaram a coalizão de governo de Flávio Dino durante os últimos sete anos.

A definição das chapas (titular e vice) elucidou em linhas gerais qual o plano de voo que Carlos Brandão e Weverton Rocha traçaram para o embate eleitoral. Na minha avaliação este é o principal palco de disputa até outubro. Vou rascunhar, de maneira breve, o desafio dos principais postulantes ao cargo de chefe do executivo estadual.

De um lado, a missão de Brandão é enorme. Ele corre contra o tempo para mostrar para o eleitorado maranhense que é o legítimo sucessor de Dino, e que, havendo transferência de votos como o seu grupo político planejou, ela precisa acontecer o mais rápido possível. A identificação de Brandão com Dino é a melhor opção que o atual governador tem para liderar as pesquisas e sair vitorioso em outubro. A pergunta que faço é outra: Brandão quer se parecer com Dino?

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Quer seja na forma de governar quer seja na forma de construir suas alianças políticas, manter a assinatura de gestão do mandatário anterior parece ser um ponto relevante a se pensar para os próximos meses. A efetivação de Felipe Camarão, do Partidos Trabalhadores, como seu pré-candidato a vice, parece ter sido um acerto, embora alguns percalços ao longo do caminho sinalizem rachaduras iniciais nessa caminhada. Camarão pode ser um ponto de oxigenação na chapa.

No outro lado da praça Pedro II, Rocha mostrou altivez em sustentar a candidatura, a despeito dos reveses sofridos nos últimos três meses. O seu planejamento inicial do que seria sua campanha, e de quem caminharia ao seu lado, sofreu golpes duros, mas não o suficiente para fazê-lo retroceder. Esse aspecto é digno de aplausos, porque mantém a disputa republicana viva: ótimo para os analistas políticos, péssimo para os cardíacos.

A pedra no sapato de Rocha vem da dificuldade em sustentar um discurso progressista, alinhado a uma plataforma dinista de governar, com a composição dos seus aliados de última hora. Seu vice, Hélio Soares, é uma indicação do deputado federal Josimar de Maranhãozinho, num aceno logístico para a candidatura, mas que engessa qualquer flerte com um eleitorado mais alinhado ideologicamente à esquerda.

A composição dos partidos e a montagem dos palanques nacionais esse ano vai ter um impacto considerável no plano dos dois. O ex-presidente Lula ainda não decidiu se virá ao Maranhão para apertar a mão de Dino e Brandão, mas o apoio PSB e PT é fundamental para consolidar um voto antibolsonarista no estado. Na esquina, Weverton Rocha está atrelado a uma candidatura estagnada de Ciro Gomes (PDT) e vai precisar de muita habilidade para se desvencilhar desses atritos e capturar a atenção do eleitorado lulista.

Algumas questões relevantes ajudam a compor o cenário que tracei até aqui. A primeira delas chama-se Edivaldo Holanda Júnior. O ex-prefeito de São Luís, com uma aprovação digna e pontuando nas pesquisas de intenção de voto, ainda não se manifestou publicamente sobre que caminhos seguirá esse ano, e muito menos se seguirá algum caminho. O apoio de Edivaldo pode ser decisivo? Depende de como ele próprio pretende se engajar na corrida eleitoral. A julgar pelo que temos hoje, não.

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E por último e (não) menos importante, a trombeta bolsonarista Lahésio Bonfim que aparece com doze porcento de intenção de votos, vociferando um discurso antissistema e anticorrupção que envelheceu mal demais ao longo do último ciclo político. Se a candidatura de Lahésio cumpre algum papel, talvez seja o de mostrar o tamanho da rejeição de dinolulista no Maranhão.

Qualquer prognóstico mais fechado é irresponsável, porque não há sinal algum de uma vantagem mais exacerbada de ambos os lados. Talvez a campanha eleitoral, seja tradicional ou em formatos digitais, tenha uma função importante para auxiliar o maranhense indeciso a ponderar qual o melhor voto para governador. Os acordos com a classe política estão praticamente todos finalizados, agora vem a parte difícil de qualquer campanha vitoriosa: o acerto com o eleitorado.

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