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Como a conjuntura do País afeta o ambiente público e o empresarial

Entre ruas vazias, a luz brilha em uma janela catalã.

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Por Redação
Atualização:

Nathália Bruni é aluna do 6. semestre do curso de Administração Pública da FGVSP. Encontra-se em Barcelona em seu período de intercâmbio na ESADE - Campus Sant Cugat

 

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Desde a imposição do estado de alarme, devido à crise do COVID-19, Barcelona, capital cosmopolita da Catalunha, aparenta despertar em seus cidadãos, reflexões diferentes.

Assim, da janela entreaberta, ao observar ruas vazias, Nathália Bruni que é estudante de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo e atual residente de Barcelona em seu período de intercâmbio na ESADE - Campus Sant Cugat, escreve e prenota uma visão esperançosa para a crise que assola o país.

 

 Foto: Estadão

Da janela do quarto que, agora, vive entreaberta, vejo o sol raiar. Quinto dia de quarentena e com a luz que permeia o quarto, decido me levantar. Não são poucos que pensam que este seria um dia a mais para se lamentar, Com pesar, opto por chamar de um dia menos para adentrar. Adentrar. Em mim e em nós. Em um caminho breve entre a cozinha e a sala de estar, ouço ao fundo, meu vizinho, daquela (antes) distante porta que se localiza bem aqui na frente, cantar. Do outro lado da rua, em cada varanda, famílias se levantam e decidem observar: a rua, os cantos, as árvores e até mesmo, meia dúzia de policiais que infelizmente, os outros, devem neste momento, atormentar. Em uma avenida distante, repentinamente, a gente ouve o barulho de um carro que está a passar.

Que loucura é, reparar no entorno, que nunca deixou de, aqui, estar.

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A tarde passou e o sol decide repousar. Caminhando de volta ao quarto passo a refletir sobre as dificuldades que cada indivíduo no mundo está vivendo, sem parar. Vivendo agora em um país estrangeiro, as emoções parecem mais latentes do que antes me soavam estar. Amigos, famílias, dentre outros, distantes de corpo físico mas unidos de tal forma que eu nunca poderia imaginar. Entre as cortinas, agora, os aplausos começam a ressoar. Este lado da humanidade é raro e verdadeiramente bonito de se apreciar.

Por isso, Clarice Lispector, você me obriga a te parafrasear: "Em momentos como este, todas as manhãs ela deixa o seu sonho na cama, acorda e põe sua roupa de viver." De fato, viver. Viver fora dos padrões que nos obrigavam a acreditar.

Quarentena, você me trouxe presença. É um privilégio de poucos poder vivê-la e ainda assim, privilegiados como eu, prezam por se lamentar.

Da janela do quarto que, agora, vive entreaberta, vejo o sol raiar. Um dia a mais para te valorizar. Afinal de contas, há pouco, Pedro Sanchez, atual Primeiro-Ministro da Espanha, anunciou que o decreto nacional (DECNU-2020-297-APN-PTE) seguirá vigente por mais quinze dias. Dias a mais para cada cidadão se esperançar.

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