PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

O que os mapas eleitorais nos contam

Intenção de votos: prevendo a próxima eleição

Série histórica dos números por zonas eleitorais pode dizer tanto quanto a estatística para prever o futuro de uma disputa

Foto do author Luiz Ugeda
Por Luiz Ugeda
Atualização:

Muito se fala sobre as pesquisas eleitorais, que têm sido elemento fundamental de aferição de perspectiva de poder. Parte-se do pressuposto de que as respostas de uma amostragem do público podem representar a totalidade dos votantes e, guardadas as proporções e as margens de erro, são um termômetro do momento. Estamos falando de usar a estatística para prever o futuro, mais ou menos como se faz para prever o tempo, se o dólar vai subir ou cair ou se uma seguradora deve ou não aprovar uma apólice.

Mas a amostragem de votos não é o único modo de aplicar a estatística preditiva para estimar votos futuros. A série histórica de votos por zonas eleitorais, suas características, a mudança do espectro político de cada zona e em qual velocidade ocorreu a mudança podem dizer tanto quanto, ou até mais, do que a intenção de voto futuro.

O ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro; pesquisas de intenção de voto apontam liderança do petista Foto: Lula: André Dusek/Estadão | Bolsonaro: Gabriela Biló/Estadão

PUBLICIDADE

Isso acontece porque os resultados eleitorais permitem sobrepormos em um mapa as características políticas de um povo em seu território, mas também seus valores econômicos, culturais, religiosos, étnicos e demográficos. E as variações políticas identificadas entre as eleições em um mesmo território, além de refletirem a forma que o país progride em seus valores, mostram as probabilidades de voto para as eleições seguintes.

As relações entre geografia, democracia e ciência política nunca foram tão visíveis. A intenção de voto se baseia estritamente no "quem" do processo eleitoral, ao passo que a Geografia do Voto foca no "onde", ou seja, como o conjunto de fatores sociais, ambientais, urbanísticos ou fundiários são capazes de definir votos em um determinado território. A intenção é descobrir o que faz a baixada fluminense, o pampa gaúcho, o triângulo mineiro ou o sertão nordestino votarem de forma convergente ou divergente quando analisamos o território para além de um candidato ser de esquerda ou de direita.

A tecnologia digital e a crescente disponibilidade de dados eletrônicos trazem uma perspectiva completamente renovada para esta fronteira do conhecimento. O efeito do lugar nas preferências e nos comportamentos políticos se faz cada vez mais presente. As influências geográficas sobre o voto apontam quais são os fatores que têm sido decisivos na formação de um padrão territorial de voto, quais as consequências deste padrão e como este padrão muda para que haja o alcance de objetivos específicos.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.