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O que os mapas eleitorais nos contam

Geografia do Voto: para onde foi e para onde vai o voto conservador de São Paulo

Fator Tarcísio traz um elemento que não se via desde Maluf: uma candidatura competitiva mais à direita

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Por Luiz Ugeda
Atualização:

O modo como os eleitores avaliam candidatos e tomam a decisão em quem votar depende de diversos aspectos econômicos, sociológicos, psicológicos, religiosos, enfim, variáveis que, ponderadas, trazem um resultado bastante concreto.

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O comportamento eleitoral se expressa pelo voto, que é dado em um determinado local, apontando como aquela zona eleitoral se delineia. Sob este conceito, pode-se afirmar que existem determinadas localidades que são mais conservadoras ou mais progressistas.

Ao analisarmos as eleições estaduais paulistas, o PSDB tem sido hegemônico e, historicamente, se posicionado à direita do PT. Exceção feita quando Paulo Maluf era candidato, situação que provocava um alinhamento do PSDB com a esquerda. Desde 2006, há um alinhamento do PSDB com a direita, ao menos em quatro eleições: Vitória de Serra sobre Mercadante (2006, 1º turno); Geraldo Alckmin sobre Aloizio Mercadante (2010, 1º turno); Alckmin sobre Alexandre Padilha (2014, 1º turno); e os dois turnos entre João Doria sobre Márcio França (2018, 1º e 2º turno).

Vitória de Serra sobre Mercadante em 2006; em SP, PSDB capta voto da direita Foto: Estadão

Em que pese ter havido candidaturas à direita nestas eleições, nenhuma inspirou tantos potenciais eleitores quanto Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em segundo lugar nas principais pesquisas de intenção de voto, sua presença muda a geografia do voto no Estado por trazer um elemento que não se via desde o Maluf: uma candidatura competitiva mais à direita.

E isso traz uma pergunta interessante: quais são as zonas eleitorais conservadoras em São Paulo propensas a dar seu voto para este novo ator no cenário estadual? Ou será que elas vão preferir manter seu voto no PSDB que tem Rodrigo Garcia como candidato à reeleição, preferindo dar continuidade ao atual projeto de poder?

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Para tanto, é necessário perceber, em dois cenários distintos, quais zonas deram ampla vitória ao candidato Paulo Maluf, em 1998, e a João Doria, em 2018. Independente do fato de serem de direita ou não, é certo que eles estavam à direita em relação a seus oponentes, Mário Covas e Márcio França, respectivamente.

Os resultados são reveladores. Municípios da região de Bragança Paulista, como Joanópolis (65,5% em Maluf; 69,3% em João Doria), ou mesmo do Vale do Ribeira, como Capão Bonito (59% em Maluf; 61,3% em Doria), se destacam como exemplos de conservadorismo.

Covas x Maluf em 1988; municípios da região de Bragança Paulista, como Joanópolis, se destacam como exemplos de conservadorismo Foto: Estadão

Há ainda exemplos de mudança abrupta de pólo, como a observada no Pontal do Paranapanema, onde Maluf teve um grande porcentual de votos (p. ex, 67,3% em Rosana e 72,5% em Teodoro Sampaio) e que passaram a votar majoritariamente na esquerda, representada em 2018 por Márcio França (56,3% em Rosana e 69,6% em Teodoro Sampaio).

Na cidade de São Paulo, a zona eleitoral 258, que envolve o polígono Marginal Pinheiros - Av. Hélio Pelegrino - Av. José Maria Whitaker - Av. Pedro Bueno - Av. Prof. Vicente Rao - Marginal Pinheiros (com centro de gravidade na av. Indianápolis), pode ser considerada a mais conservadora da capital. Embora tenha dado ampla vitória a Covas em 1998 (61,5% dos votos no 2º turno), houve uma aderência total ao polo mais à direita nas eleições seguintes (1º. turno de 2006, 78% com Serra; 1º. Turno de 2010, 74,6% com Alckmin; 1º. Turno de 2014, 73,3% com Alckmin, e 2º. Turno de 2018, 66% com Doria).

O primeiro turno das eleições de 2022 para governador de São Paulo deverá responder o quanto este público realmente é de direita ou se trata de uma manutenção do projeto de poder do PSDB. E se Tarcísio realmente aglutinou uma direita que se empoderou ou se o voto conservador paulista é apenas garantista do atual projeto de poder do PSDB.

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