O empresário Joesley Batista ressalta, no áudio que pode levar à rescisão da delação da JBS, a necessidade de 'entregar' um tal 'Zé' que, se pressionado pelas autoridades, 'entregaria o Supremo'. O conteúdo do diálogo será investigado, a pedido de Janot, por conter suposta confissão de crimes não antes revelados pelos delatores e irregularidades que teriam sido cometidas pelo ex-procurador Marcelo Miller, que mudou de lado e foi contratado por escritório de advocacia que atuou no acordo de leniência da J&F.
Na conversa gravada, Joesley e Ricardo Saud mencionam ainda um tal 'Zé' que teria 'cinco ministros do Supremo Tribunal Federal nas mãos'. "Sabe que se nós entregar o Zé, nós entrega o Supremo".
"O Zé Eduardo é o melhor caminho pra chegar no Supremo", afirma Saud.
Eles ainda mencionam a possibilidade de entregar o tal 'Zé Eduardo' às autoridades, em acordo de delação.
"Ricardinho, eles vão dissolver o Supremo. É o seguinte. Ricardinho, eu vou entregar o executivo e você vai entregar o Zé. E o Zé vai entregar o... Eu, pra mim, sabe o que é o... É o seguinte: com o Zé... sabe que que nós tem que fazer com o Zé? Na miúda, eu pra mim, não tem que falar mais nada com o Zé. Eu queria combinar com você o seguinte, que eu vou ligar pro Zé, eu direto e falar: "Zé, vem aqui, vem. Ô Zé, é o seguinte: você precisa trabalhar conosco. Hã. Ô Zé, nós precisa organizar o Supremo, Zé. Quem nós temos no Supremo?", questiona Joesley.
Joesley Batista menciona inclusive ter um plano. "E aí semana que vem eu vou chamar o Zé, falar "Zé, nós temos que organizar o Supremo, Zé". A única chance que nós tem de sobreviver é isso. Você quem? "A, B, C, D, E, F". Tá, como é cada um? Ah, o A é isso, o B é isso... O D...".
O Procurador-geral da República pediu investigação, nesta segunda-feira, 4, sobre o áudio no qual os delatores da JBS mencionam que o advogado Marcelo Miller, à época em que era procurador, teria atuado para garantir facilidades aos delatores junto à Procuradoria-Geral da República.
Miller integrou a força-tarefa da Operação Lava Jato e atuou nas delações do ex-senador Delcídio do Amaral edo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
Após deixar o Ministério Público Federal, ele passou a integrar o escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe, e integrou o time de advogados que negociaram o acordo de leniência da J&F.
Janot pediu abertura de inquérito sobre a possível omissão de crimes pelos delatores e para investigar a menção ao ex-procurador da República.
Segundo o chefe do Ministério Público Federal, a investigação pode culminar com a anulação do acordo da JBS, mas está fora de cogitação anular as provas entregues pelos executivos.