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Wesley diz à PF que vai procurar documentos sobre propina a Kassab

Depoimento foi prestado no âmbito de inquérito que investiga ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicação no Supremo Tribunal Federal

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Foto do author Amanda Pupo
Por Amanda Pupo (Broadcast) e Rafael Moraes Moura/ BRASÍLIA
Atualização:

Gilberto Kassab. Foto: Dida Sampaio/Estadão

BRASÍLIA - Em depoimento prestado à Polícia Federal (PF), o empresário Wesley Batista se comprometeu a buscar, para entregar à corporação, os contratos e respectivas notas fiscais envolvendo supostos pagamentos de propina entre a JBS e o ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicação, Gilberto Kassab (PSD), que teriam sido realizados de 2010 a 2016.

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O depoimento foi prestado em 20 de março no âmbito da investigação que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. O inquérito foi aberto em fevereiro com base nas delações de executivos da J&F, controladora da JBS.

Wesley Batista delatou supostos pagamentos mensais de propina, em torno de R$ 350 mil em favor de Kassab, através da empresa Yape Consultoria e Debates.

No depoimento, o empresário afirma que existia um contrato entre o frigorífico Bertin, adquirido pela J&F investimentos em 2010, e a empresa, que recebia um valor mensal de R$ 350 mil, sem nenhuma oferta de serviços. Segundo Wesley, o arranjo foi determinado pelo antigo dona do frigorífico, Natalino Bertin, quem teria relatado que os contratos foram negociados entre ele e Kassab.

O empresário também afirma que, em 2011, quando retornou ao Brasil e assumiu a presidência da JBS, foi procurado por Kassab na sede da JBS em São Paulo (SP) e que "solicitou expressamente" que os pagamentos referentes ao chamado "over price", contrato da consultoria, continuassem a ser pagos pela JBS.

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Wesley disse à PF que aceitou manter a realização dos pagamentos "para contar com a influência de Gilberto Kassab em alguma necessidade futura". Também contou que o pagamento do "over price" era feito para a empresa Yape Consultoria e Debates também por meio de pagamento de notas fiscais e "que nunca solicitou a Gilberto Kassab auxílio na defesa de interesses do Grupo J&F".

Ainda segundo o empresário, após o contato com o ministro, a empresa passou a acertar os pagamentos com Renato Kassab, irmão de Gilberto, que ficou "responsável por operacionalizar o esquema de pagamento". "As notas fiscais da empresa Yape Consultoria de Debates eram entregues na JBS por Renato Kassab", diz trecho do depoimento.

Wesley também afirma que, ao final de 2016, informou a Renato que os pagamentos não seriam mais realizados. Então, segundo o empresário, "aproximadamente uma ou duas semanas" após a reunião, ele foi procurado por Kassab, que "solicitou que os pagamentos fossem mantidos". Segundo Wesley, o pedido não foi atendido.

Outro lado. Em nome de Gilberto e Renato Kassab, a assessoria do ministro afirmou em nota que "como já respondido em outras oportunidades", "os serviços foram efetivamente prestados por empresas que operam dentro da estrita legalidade, em relação comercial iniciada em 2006, ainda com empresa que foi posteriormente adquirida pela JBS".

"Não houve qualquer reciprocidade por esses contratos, e nunca houve qualquer pedido de favor ao ministro. O ministro entende que, na vida pública, as pessoas estão corretamente sujeitas à especial atenção do Judiciário e ressalta sua tranquilidade e confiança na Justiça", conclui a nota.

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Procurado pela reportagem, o Grupo Bertin não respondeu até a publicação deste texto. (Amanda Pupo e Rafael Moraes Moura)

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