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Vulneráveis

Por Cassio Grinberg
Atualização:
Cassio Grinberg. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Estamos vulneráveis, disso não resta dúvida. Mas o que pode acontecer quando percebermos que vulnerabilidade é potência?

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Steve Jobs esteve vulnerável quando estourou a bolha da Internet nos anos 2000: as vendas do computador da Apple desabaram, e focar em um novo produto foi a alternativa que lhe pareceu possível. O produto ele chamou de iPod, e reinventou para sempre a indústria da música.

Imagino que a vulnerabilidade se expresse por várias formas, mas elas parecem transitar entre os pólos de agir pelo longo prazo ou de se esconder detrás da cortina dos pretextos: de que esta é a maior crise de todas; de que nunca vivemos algo assim. E se isso possivelmente seja verdade, também é verdade que a vulnerabilidade pode tanto deprimir quanto ser alavanca: será que a globalização do efeito não é uma oportunidade para justamente arregaçarmos as mangas do mundo?

Já sei, Steve Jobs não conta, afinal era gênio, mas que dizer de um menino cujo pai quebrou a perna, ficou sem assistência e nunca mais conseguiu sustentar a casa? Ou de um pai que criou uma hamburgueria para trazer de volta os quatro filhos que a esposa levara para outro estado? Ou de um homem que às vésperas de se reunir com investidores recebe a notícia de que seu bebê precisa de uma cirurgia cardíaca extrema? Ou de um verdureiro que passa anos montando uma loja e de repente perde tudo em uma enchente improvável?

Estar vulnerável não é um estado desejado, mas a vida é cheia de coisas que não desejamos. Ela escolhe o tempo todo por nós, mas também nos dá a escolha de nos posicionarmos diante do que ela escolhe: os que fundaram todas as marcas acima -- Starbucks, Five Guys, Honest Tea e Whole Foods Market -- também o fizeram porque superaram seus "covids pessoais".

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Se estamos vivendo uma época árdua, também estamos diante de uma era inédita: uma era em que podemos transformar vulnerabilidade conjunta em criação coletiva exponencial, já que pisamos a esteira de um tempo onde muito do que vivíamos não apenas pode, mas precisará, ser redesenhado.

*Cassio Grinberg, sócio da Grinberg Consulting e autor do livro Desaprenda - como se abrir para o novo pode nos levar mais longe

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