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Votar para modernizar a indústria paulista

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Por José Ricardo Roriz
Atualização:
José Ricardo Roriz. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Contra dados não há argumentos. E eles mostram que a indústria atingiu o pior patamar de sua história. No ano passado, perdemos mais um ponto de participação no PIB nacional, caindo para 20,4%, a menor fatia desde o início da série histórica, há 75 anos. A retomada de 2021, mesmo conjuntural, foi adiada pela segunda onda da pandemia. Reflexo do momento, a confiança do empresário industrial caiu cinco pontos em março, na comparação com fevereiro.

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No pós-pandemia, com a vacinação em massa, a indústria do Estado de São Paulo precisa ir além da retomada econômica: tem de conquistar protagonismo e isso nos obriga a ter uma nova agenda, capaz de competir no mundo globalizado. Protagonismo e competitividade, no entanto, só serão efetivos se houver a participação majoritária dos mais de 6.500 empresários que compõem o Centro das Indústrias de São Paulo.

O Ciesp é a entidade que atende de fato os industriais. Está ramificado em 42 diretorias regionais e pode oferecer capacitação e serviços necessários para o salto de modernização que precisamos. Além disso, tem condições de ser um centro gerador de negócios, aproximando empresas e ampliando a integração regional e estadual.

O Ciesp comemora 93 anos de sua fundação no dia 28 de março. Foi pioneiro na organização da indústria e na defesa dos empresários. Ajudou nos processos de interiorização da indústria, de expansão de mercados e de desenvolvimento da infraestrutura em São Paulo. Próximo a completar seu centenário, o Ciesp nasceu da visão de empreendedores como o conde Francisco Matarazzo, Roberto Simonsen, José Ermírio de Moraes e Horácio Lafer.

Para avançar, a indústria precisa aprender com aquilo que deu certo no passado. O aniversário do Ciesp, portanto, é um bom momento para resgatar alguns dos ideais da sua fundação. O principal deles é a postura de independência administrativa e de defesa estrita da indústria. Nos últimos 17 anos, não foi isso o que aconteceu. O Ciesp passou a ser usado para projetos partidários-eleitorais, comprometendo a independência.

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Submetida a caprichos políticos de seu mandatário, preocupado com a própria agenda, a representação da indústria paulista perdeu força e prestígio. A participação do setor no PIB estadual caiu 10 pontos percentuais nos últimos 15 anos. A contribuição da indústria no emprego caiu de 21,8% (2006) para 16,6% (2018). Indústria e desenvolvimento sempre foram motivos de orgulho para São Paulo. Porque quando a indústria está forte, a roda da economia gira e o emprego cresce. Agora, depois de 17 anos de dominação de um mesmo grupo, ligado a um único setor da indústria, da prevalência de projetos pessoais sobre os interesses de quem produz, os empresários de São Paulo terão a oportunidade de se unir para mudar o que deu errado.

No dia 5 de julho, haverá eleição para o comando da entidade. Pela primeira vez, desde 2004, os industriais terão duas chapas para comparar propostas e escolher um novo caminho para a indústria paulista. Estou à frente da Chapa 1. Somos 134 empresários, todos com fábricas em funcionamento, nos mais diversos setores. Sou formado em engenharia mecânica, com cursos de especialização no exterior. Estou na indústria desde os tempos de estudante. Tenho vivência em diversos setores: petróleo e gás, plástico, embalagens e também no agro.

Defendemos uma entidade representativa, formada por quem realmente conhece o chão da fábrica. Porque, para ser industrial no Brasil, tem de estar na linha de produção, enfrentando a burocracia, os impostos, os juros altos e os problemas de logística, de mão de obra e de matéria-prima. E quem se encastela na Avenida Paulista perde o pulso das empresas, de todos os tamanhos, espalhadas por todas as regiões de São Paulo.

A indústria é nosso único foco e prioridade. Nossa chapa traduz a diversidade do empresariado paulista, do interior, do litoral, do ABC, da Grande São Paulo, da Capital. E também defendemos os micros, pequenos e médios empresários. Queremos contar com os jovens empresários e as mulheres industriais, cada vez mais presentes e inovadores.

Trabalhamos para uma indústria paulista globalmente competitiva. No ranking de 63 países do IMD (International Institute for Management Development), da Suíça, o Brasil está entre os sete menos competitivos. A nova agenda da indústria paulista tem de encarar os desafios do século 21: a indústria 4.0, a economia circular, produção de baixo carbono, robotização, sustentabilidade e competitividade global.

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A mudança gerencial no Ciesp abre as portas para inovações benéficas para a indústria do Estado: o incentivo às cooperativas de crédito, para baratear e facilitar o acesso a recursos, e a oferta de serviços como governança e compliance para as empresas, por exemplo.

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Vamos travar uma batalha sem trégua contra o Custo Brasil. Defendemos urgência na aprovação das reformas estruturais, principalmente a tributária, para que a indústria, maior pagadora de impostos do Brasil, tenha, ao menos, os mesmos direitos dos demais setores da economia.

A união na defesa dos direitos e interesses da indústria nos obriga ao diálogo permanente com todos os governos, federal, estadual e municipais, e os respectivos legislativos. Defendemos a necessidade de uma bancada unificada da indústria, hoje espalhada por representações setoriais. Uma pauta comum, unificada, é obrigatória para a recuperação do protagonismo da indústria paulista.

Agora é a hora de olhar para o futuro e iniciar a transformação. Os industriais têm a virtude de gostar de desafios. É isso que queremos com a união em torno da Chapa 1: resolver os problemas que se acumularam nesses 17 anos, sem que houvesse debates e muito menos eleições para o Ciesp. Vamos acabar com a mesmice e fazer o que é o certo para a indústria.

*José Ricardo Roriz, vice-presidente da Fiesp e do Ciesp, presidente da Abiplast - Associação Brasileira da Indústria do Plástico - e candidato à presidência do Ciesp pela Chapa 1

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