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'Você foi o cara que me ajudou a chegar onde cheguei', diz Aécio a Joesley

Em diálogo gravado pelo executivo da JBS, senador tucano se mostra grato ao empresário a quem chamou de ‘amigo fraterno’

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Lucas Baldez e Fausto Macedo
Atualização:

Aécio Neves. Foto: Wilton Júnior/Estadão

Em conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, do Grupo JBS, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) se mostrou grato ao executivo delator. No diálogo, o tucano se referiu a Joesley como 'amigo fraterno' e em outro momento chegou a afirmar que o empresário da JBS o ajudou 'a chegar onde chegou'.

Joesley gravou Aécio em 24 de março no hotel Unique, em São Paulo.

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Durante a conversa, o executivo da JBS fala sobre uma possível indicação que o tucano faria para a presidência da Vale.

Aécio diz. "Então deixa eu te falar, nosso jogo aqui é olho no olho. (inaudível) Você foi o cara que me ajudou a eu chegar mais ou menos aonde é que cheguei."

O tucano conta a Joesley que 'nomeou' o presidente da Vale. "Eu vou falar pra você, o que eu não falei pra ninguém. Eu nomeei o presidente da Vale, nomeei hoje (24 de março)."

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Em depoimento, Joesley afirmou que Andrea Neves pediu R$ 40 milhões 'que seriam para comprar um apartamento da mãe', no Rio. O executivo relatou que pediu a Aécio a nomeação de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobrás, para presidir a Vale.

O dono da JBS explicou que, com a nomeação de Bendine, 'resolveria o problema dos R$ 40 milhões pedidos por Andrea'. Mas Aécio, segundo ele, disse que já havia indicado outra pessoa para a vaga, dando a ele a oportunidade de escolher qualquer uma das outras diretorias da mineradora. O tucano teria dito para o delator esquecer o pedido milionário da irmã, pois todos os contatos seriam feitos com ele próprio.

O depoimento de Joesley diz que Aécio teria pedido várias quantias a ele. Chegou, por exemplo, a vender um apartamento superfaturado, de R$ 17 milhões, a uma pessoa indicada pelo senador para passar o dinheiro a ele.

Fraterno. No diálogo gravado, Aécio e Joesley conversavam sobre o projeto do abuso de autoridade e a Operação Carne Fraca, que cercou os maiores frigoríficos do País e prendeu um funcionário da JBS.

"O que tem que parar é o abuso de autoridade. Porque os caras que, eu digo assim, quem não sofre as consequências, agem de forma inconsequente. O procurador simplesmente barbariza, pé, pá, faz estardalhaço, igual essa Carne Fraca aí que (inaudível) toca fogo no circo, vai embora", diz Joesley a Aécio, em alusão à Operação da Polícia Federal que investigou suposto esquema de corrupção envolvendo fiscais do Ministério da Agricultura.

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"Vou te falar aqui com a sinceridade de um amigo fraterno que você tem (inaudível). Para vocês, todo o negócio foi uma merda, o conjunto da obra não foi, porque (inaudível) esse filho da puta também da (inaudível). É um negócio muito (inaudível). Foi uma cagada (inaudível)", afirma o tucano.

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"(inaudível) Tem que aproveitar agora e capitalizar isso", responde o empresário.

COM A PALAVRA, AÉCIO NEVES

NOTA À IMPRENSA   Sobre o diálogo gravado por Joesley Batista, o senador Aécio Neves esclarece que:   O diálogo se deu numa relação entre pessoas privadas, no qual o senador solicitou apoio para cobrir custos de sua defesa, já que não dispunha de recursos para tal.   O empréstimo feito pelo empresário da JBS não envolveu recursos públicos e seria regularizado por meio de um contrato mútuo, se o objetivo de Joesley Batista não fosse, desde o início, única e exclusivamente, forjar uma situação criminosa para ganhar os benefícios da delação premiada.   Não houve na conversa gravada descrição de nenhum ato ilícito da parte do senador, tendo ocorrido uma provocação de Joesley, agora claramente explicada, de assuntos outros, que não o pedido de empréstimo, com o objetivo único de obter de Aécio declarações políticas sobre temas polêmicos.   Como já foi esclarecido, foi proposta ao executivo a venda de um apartamento, no Rio de Janeiro, de propriedade da família do senador há mais de 30 anos. O delator, já atendendo aos interesses de sua delação, propôs emprestar recursos, o que ocorreu sem nenhuma contrapartida, não havendo qualquer tipo de prova ou mesmo indício de que tenha ocorrido alguma atuação do senador na esfera pública em favor da JBS.   O próprio delator Ricardo Saud afirmou à PF que: "Ele nunca fez nada por nós", o que torna infundada qualquer acusação de pagamento de propina.   Todos os recursos recebidos da empresa pela campanha presidencial do PSDB, em 2014, estão declarados na prestação de contas do partido e não envolveram contrapartida ou uso de dinheiro público.   Um total R$ 50,2 milhões foram doados pela JBS ao comitê financeiro nacional e à Direção Nacional do PSDB. Desse total, R$ 30,44 milhões foram repassados para a campanha presidencial. Outros R$ 6,3 milhões foram doações feitas a diretórios regionais e candidatos estaduais e R$ 4 milhões doados no período pré-eleitoral, totalizando R$ 60,5 milhões em doações integralmente declaradas ao TSE.   Sobre a Operação Lava Jato, não existe qualquer ato do senador Aécio, como parlamentar ou presidente do PSDB, que possa ter colocado um empecilho sequer aos trabalhos da Polícia Federal ou do Ministério Público.   Por fim, Aécio lamenta os termos inadequados que usou na conversa gravada, sem o seu conhecimento, e destaca que jamais fez tais referências no ambiente de trabalho, já tendo se manifestado diretamente junto a cada um dos companheiros e autoridades mencionados.   O senador Aécio lamenta todos os acontecimentos narrados e fará, com serenidade e firmeza, sua defesa junto à Justiça e a seus eleitores para demonstrar a correção de suas ações e a farsa da qual foi vítima, montada pelo delator de forma premeditada a forjar uma ação criminosa.    Lutará também, pelos meios legais, para que a injustiça cometida contra sua irmã e seus familiares seja reparada e revertida o mais rapidamente.

Assessoria do senador Aécio Neves.

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COM A PALAVRA, A VALE

Vale comenta processo de escolha de Diretoria Executiva

O Conselho de Administração da Vale reafirma que o processo de escolha dos membros de sua Diretoria Executiva, em especial de seu novo diretor-presidente, Fabio Schvartsman, ocorreu a salvo de qualquer interferência externa e foi conduzido em conformidade com as melhores práticas de mercado, seguindo os ritos e a governança da companhia, resultando, assim, na contratação de um profissional de mercado cuja reputação foi inteiramente formada em empresas privadas.

No processo de escolha, o Conselho estabeleceu uma comissão formada por representantes de seus principais acionistas controladores, que ficou responsável pela condução do processo de identificação e escolha do novo executivo. Em todo o processo, a referida comissão e o próprio Conselho de Administração foram assessorados pela empresa Spencer Stuart, especializada no recrutamento de executivos com larga experiência e reconhecimento globais, que presta serviços há mais de 12 anos para a Vale.

Informamos, ainda, que, na última reunião do Conselho de Administração da empresa, realizada em 11 de maio deste ano, foram renovados os mandatos de quase todos os executivos, à exceção de Humberto Freitas, que, por decisão pessoal, optou por deixar a companhia no fim de seu mandato, previsto para o próximo dia 25, sem a admissão de qualquer outro diretor.

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O Conselho de Administração da Vale reafirma o seu compromisso com a ética, a transparência e a eficiência de gestão voltadas para atender os interesses dos seus acionistas, colaboradores, fornecedores, clientes e as comunidades onde atua.

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