Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

'Você consegue o contato e eu ganho o nosso dinheiro'

E-mails enviados por empresária ligada ao PT ao ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara revelam interferência em contratos da Petrobrás, segundo a PF

PUBLICIDADE

Foto do author Luiz Vassallo
Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Luiz Vassallo , Fausto Macedo , Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:
 

Em relatório da Operação Abate, 44ª fase da Lava Jato, a Polícia Federal identificou troca de mensagens entre o ex-deputado Cândido Vaccarezza e a empresária Liliana dos Santos Krawczuk, ligada ao PT, nas quais, segundo os investigadores, é tratada interferência em contratos de fornecimento de Tuoleno à Petrobrás. O ex-deputado foi preso temporariamente na última sexta-feira, 19,sob suspeita de ter recebido propinas de US$ 500 mil desviados da estatal. Liliana foi conduzida coercitivamente.

+ Vaccarezza é 'parceiro' em cinco projetos da Petrobrás

PUBLICIDADE

+ Vaccarezza mentiu sobre negócios com operador de propinas do PMDB, diz PF

+ 'Meu querido Vaccarezza'

O negócio da Sargeant Marine com a Petrobrás culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões. A empresa fazia fornecimento de asfalto para a estatal e foi citada na delação do ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa.

Publicidade

Segundo as investigações, o negócio foi intermediado pelos operadores de propinas Jorge e Bruno Luz, que repassaram US$ 500 mil a Vaccarezza.

Além de encarcerado, o ex-deputado teve R$ 122 mil em maços de notas de R$ 100 e R$ 50 confiscados em sua casa.

+ PF pega com Vaccarezza preso R$ 122 mil em dinheiro vivo

+ Vaccarezza é preso na Lava Jato

+ A decisão de Moro que põe Vaccarezza na prisão da Lava Jato

Publicidade

A Polícia Federal, no âmbito da Abate, Lava Jato 44, expôs, em relatório, e-mails recebidos e enviados pelo ex-parlamentar em sua conta vaccarezza@gmail.com.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Segundo o juiz federal Sérgio Moro, 'pelo que depreende do teor' das mensagens encontradas na caixa do ex-deputado, 'um grupo de pessoas formado por Peter Issar Alves, Milton Kaeriyam, Valmir Cavalcanti, Luciana Hadad e Walter Silveira pretendia constituir uma empresa de nome Quimbra - Indústria Comercial e Distribuidora de Produtos Químicos e obter junto à Petrobrás um contrato de longo prazo para fornecimento de tolueno'.

"Liliana dos Santos Krawczuk, pessoa ligada ao Partido dos Trabalhadores, intermediou contatos do grupo com Cândido Elpídio de Souza Vaccarezza para que este exercesse influência sobre agentes da Petrobrás em favor dos interesses do referido grupo", anotou o magistrado.

Em uma mensagem remetida ao 'querido Vaccarezza', Liliana afirma que 'o importante é que' o contato do ex-deputado 'consiga saber qual o melhor preço de venda da tonelada de tolueno para contratos de longo prazo como será o do Benzoato'.

"Veja só que belo empreendimento na Bahia. Se você conseguir o contato com a empresa, consigo as empresas para a construção das usinas, com qualidade e excelente preço. Você acha possível ou não? Pense com carinho. Você consegue o contato e eu ganho o nosso dinheiro do outro lado. (...)"", afirmou Liliana a Vaccarezza, via e-mail.

Publicidade

Segundo Moro, na documentação apreendida nas mensagens eletrônicas 'constam planilhas que apontam que Liliana dos Santos Krawczuk seria recompensada financeiramente pelo empreendimento relativo ao contrato de fornecimento de Tolueno, com uma previsão de recebimento de dez por cento dos lucros da Quimbra, cerca de R$ 169.046,13 em projeções no primeiro ano de funcionamento da Quimbra e de R$ 949.787,00 no quarto ano'.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO MARCELLUS FERREIRA PINTO, QUE DEFENDE CÂNDIDO VACCAREZZA

"A defesa de Cândido Vaccarezza, por meio do advogado Marcellus Ferreira Pinto, esclarece, em nota, que: Cândido Vaccarezza nunca intermediou qualquer tipo de negociação entre empresas privadas e a Petrobrás. A prisão foi decretada com base em delações contraditórias, algumas já retificadas pelos próprios delatores. A busca e apreensão excedeu os limites da decisão judicial, confiscando valores declarados no imposto de renda e objetos pertencentes a terceiros sem vínculo com a investigação. A defesa se manifestará nos autos e espera que a prisão seja revogada e as demais ilegalidades corrigidas!"

COM A PALAVRA, O PT

"Vaccarezza foi militante e parlamentar do PT, saiu do Partido por divergências políticas, um direito de qualquer pessoa. O partido não tem informações sobre esse processo. Esperamos que ele tenha oportunidade de se defender e esclarecer as acusações".

Publicidade

COM A PALAVRA, LILIANA

A reportagem entrou em contato com um celular cadastrado em empresa em nome de Liliana. Um familiar atendeu o telefonema e informou a reportagem que, assim que possível, a empresária retornará o contato. O espaço está aberto para sua manifestação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.