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Vieses inconscientes comprometem a liderança feminina nas empresas

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Por Marcelo Souza
Atualização:
Marcelo Souza. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

As Olimpíadas de Tóquio entrarão para a história como a edição de maior representatividade desde quando o evento começou a ser realizado, em 1896. Podemos dizer que essa é a Olimpíada da diversidade, principalmente se considerarmos a quantidade de mulheres competindo, representando 49% do total de atletas.

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Apesar da grande presença e da visibilidade no evento, as mulheres ainda têm um longo caminho a percorrer rumo à igualdade de gênero, não só nos Jogos Olímpicos, mas principalmente em outras áreas importantes, como dentro das empresas, já que não há muitas profissionais em cargos de liderança. Ainda em um paralelo com as Olimpíadas, temos poucas no primeiro lugar do pódio corporativo.

Líder global no desenvolvimento de ferramentas de avaliações comportamentais, a Thomas International realizou um estudo que derruba por terra o mito de que mulheres e homens são diferentes em cargos de liderança, o que muitas vezes é usado como justificativa para a falta de mulheres no alto escalão das organizações.

O estudo Mulheres nos Negócios Latam analisou o perfil comportamental de 276 gestores, mulheres e homens, de companhias da América Latina e a conclusão foi que ambos têm o mesmo potencial para liderar.

Com base nesse resultado, o que impede então as mulheres de ocuparem cargos de liderança? A resposta está na maneira como as empresas interpretam os traços comportamentais dos profissionais, que, infelizmente, está totalmente apoiada nos vieses inconscientes.

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Essa é apenas uma das conclusões do estudo, que ainda reforça o fato de que, para a promoção da equidade de gênero nas empresas, o caminho mais eficiente é utilizar as ferramentas de análises psicométricas, consideradas imparciais na avaliação da personalidade e dos traços de inteligência emocional de um indivíduo, e as únicas capazes de prever o sucesso dos profissionais dentro das empresas.

Os dados que subsidiaram a pesquisa mostram que, apesar de o número de mulheres nos postos de liderança ter aumentado nos últimos anos, elas continuam sub-representadas. Se analisarmos a América Latina como um todo, apenas 36% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) mostram que, em 2020, as mulheres correspondiam a 11,5% dos integrantes de conselhos de empresas. Em outros países, esse índice é ainda menor, como no México e no Chile, com apenas 8% e 9%, respectivamente, de mulheres em posições de conselheiras, segundo dados de 2019.

Um dos preconceitos encontrados é o estereótipo de que as mulheres são "melhores" em habilidades emocionais e, por isso, são mais empáticas. O estudo mostrou que lideranças femininas e masculinas possuem exatamente o mesmo nível de empatia, o que pode mudar é a forma como as pessoas descrevem alguns tipos de comportamentos semelhantes entre homens e mulheres. Por exemplo, em alguns casos, homens são avaliados como "apaixonados", enquanto as mulheres são descritas como "emocionais" - quando, na verdade, têm a mesma atitude que os homens.

Para chegar a esse resultado foram utilizadas duas avaliações psicométricas: uma que avalia o potencial de um indivíduo a partir de seus traços de personalidade e a outra que mede o nível de inteligência emocional e os tipos de comportamentos que geralmente são associados a homens e mulheres no ambiente de trabalho.

Ao combinar os resultados das duas avaliações, a conclusão é de que homens e mulheres em posições de liderança possuem as mesmas competências comportamentais, ou seja, não existe justificativa para a sub-representação de mulheres nos mais altos postos das empresas.

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Então, com base nesse estudo e no que temos visto em termos de igualdade de gênero, bem como em outras questões relacionadas à diversidade, a conclusão é que as empresas devem incluir a psicometria em seus processos de avaliação e recrutamento para poderem evoluir em suas práticas inclusivas. Isso porque essas ferramentas avaliam exclusivamente os potenciais e as habilidades de cada profissional, independentemente de seu gênero. Assim, o uso da psicometria fornece um método objetivo e fundamentado para avaliar um candidato, isento de qualquer estereótipo e de vieses inconscientes.

*Marcelo Souza, CEO do Grupo Soulan e Country Manager da Thomas International Brasil

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