Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, e Andreza Matais, de Brasília
A Polícia Federal apreendeu mídias digitais, aparelhos de telefone celular e uma pequena agenda com anotações à mão na casa do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, alvo da nona fase da Operação Lava Jato, batizada My Way. Para entrar na mansão, agentes tiveram que pular o muro. A própria PF filmou a ação.
O tesoureiro é suspeito de ter movimentado propina para o PT nos contratos da Diretoria de Serviços, por intermédio do ex-diretor Renato Duque. O material recolhido será levado para a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde passará por uma perícia.
Os investigadores buscam dados que possam servir de prova nos casos em que o tesoureiro do PT é suspeito. Vaccari foi citado em depoimentos da Operação Lava Jato como operador de propina para o PT na Diretoria de Serviços.
Segundo Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás, Vaccari arrecadou US$ 200 milhões em propinas para o PT, entre 2003 e 2013 sobre 90 contratos firmados pela estatal. Nesta quinta feira, 5, Vaccari foi conduzido coercitivamente pela PF em São Paulo para depor na My Way.
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Dois agentes da PF foram obrigados a pular o muro da casa de Vaccari, no bairro Planalto Paulista, zona Sul da Capital, após chamar pelo seu nome no portão e ninguém abrir. Na porta da casa, os policiais anunciaram a busca.
Vaccari estava em casa, ainda de pijama. Depois de vasculhar os cômodos da residência, em busca de materiais que possam ser de interesse das investigações da Lava Jato, o tesoureiro do PT foi levado para depor na Superintendência da PF em São Paulo. Ele foi liberado no início da tarde.
Em novembro de 2014,a cunhada de Vaccari, Marice Corrêa Lima,foi também levada coercitivamente para depor, depois de interceptação telefônica indicar a entrega de valores de uma das construtoras do cartel alvo da Lava Jato, em seu endereço residencial.
Durante o depoimento à PF, na manhã desta quinta feira, 5, Vaccari afirmou que todas as contribuições obtidas por ele para o partido "foram absolutamente dentro da lei".
Sobre a denúncia do delator Pedro Barusco, de que arrecadou até US$ 200 milhões "em propinas" para o partido, Vaccari desmentiu, por meio de seu advogado.
"Essa informação não procede", rechaçou com veemência o criminalista Luiz Flávio Borges D'Urso, que defende o tesoureiro do PT.
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