O deputado estadual Coronel Telhada (PP) realizou nesta quinta-feira, 4, uma transmissão ao vivo durante a invasão realizada no hospital de campanha do Anhembi, na zona norte. Acompanhado dos também deputados Adriana Borgo (Pros), Marcio Nakashima (PDT), Leticia Aguiar (PSL) e Sargento Neri (Avante), o grupo foi ao local sob o argumento de fiscalizar na unidade, que recebe pacientes de baixa e média complexidade infectados pelo coronavírus. Os parlamentares formam na Assembleia Legislativa de São Paulo o chamado "PDO", de Parlamentares em Defesa do Orçamento.
Nas imagens, disponíveis no canal de Telhada no YouTube, é possível ver o grupo insistindo com funcionários do local para que suas entradas fossem permitidas, enquanto são prontamente negados. Em determinado momento, o parlamentar mostra para a câmera imagens feitas por Nakashima que supostamente indicava que o local estava vazio. "Não tem porque impedir a entrada dos deputados. O povo tem que saber a verdade, é o dinheiro do povo", disse.
Em outro momento do vídeo, os deputados se dirigem a outra entrada, onde são barrados após novamente exigirem o acesso ao interior do hospital. Após tumultos, bate-boca e muita insistência, o grupo finalmente teve a entrada concedida desde que usassem equipamentos de proteção individual (EPI). É possível os parlamentares percorrendo as instalações do hospital enquanto filmam leitos de enfermagem - confundidos pelos deputados com leitos de UTI - que não estariam sendo utilizados, reclamando do quanto estaria sendo gasto de dinheiro público com os aparelhos parados.
Com o clima mais ameno, uma das funcionárias argumenta que a unidade já atendeu mais de dois mil pacientes, e que o sistema de saúde do estado teria colapsado caso os mesmos tivessem sido atendidos em Unidades de Pronto Atendimento (UPA) ou em Assistências Médicas Ambulatoriais (AMA). A transmissão foi encerrada após Telhada informar que o grupo iria entrar na ala onde estavam os pacientes.
Em entrevista ao repórter do Estadão Bruno Ribeiro, Telhada nega que tenha invadido o espaço. "Liguei para secretário (da Saúde) Edson Aparecido", disse. Segundo Telhada, funcionários e o próprio secretário tentaram pedir para os deputados agendarem um horário, mas o deputado disse que não queria esperar.
Em nota, a Prefeitura informou que o hospital de campanha do Anhembi já atendeu 2.300 pessoas e, até ontem, abrigava 407 pacientes. O órgão também afirmou que os deputados agiram "de maneira desrespeitosa, agredindo pacientes e funcionários verbal e moralmente, colocando em risco a própria saúde porque inicialmente não estavam usando EPI e a própria vida dos cidadãos que estão internados e em tratamento na unidade", além de dizer que "reitera total repúdio a atitudes violentas e ações deliberadas para tentar enganar a opinião pública".
COM A PALAVRA, A DEPUTADA LETICIA AGUIAR
Presente no episódio da invasão ao hospital de campanha do Anhembi, a deputada estadual Leticia Aguiar (PSL) publicou em suas redes sociais nesta sexta-feira, 5, um vídeo no qual rebate as acusações de João Doria e Bruno Covas, que afirmaram que o grupo teria feito "sensacionalismo" e usado a pandemia para atuar de maneira política. A parlamentar negou e afirmou que ela e seus colegas têm o direito de "livre acesso para fazer diligências e visitar repartições públicas", uma vez que foram "eleitos pelo povo".
A deputada também alegou que não houve invasão, pois o grupo se identificou na entrada da unidade de saúde. Leticia afirmou ainda que não houve risco de contágio, uma vez que os parlamentares não estavam em contato com pacientes e usaram EPIs quando visitaram a ala onde estavam os infectados.
Veja abaixo o vídeo na íntegra.
https://www.facebook.com/leticiaaguiaroficial/videos/1143550979344994/