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Vereador de Mogi denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro diz que Promotoria quer travar sua candidatura à reeleição

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Mauro Araújo (MDB) rebate imputações do Ministério Público e afirma que 'é um processo sem prova nenhuma'

Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

Em um vídeo publicado nas redes sociais nesta sexta-feira, 3, o vereador Mauro Araújo (MDB), de Mogi das Cruzes, na região metropolitana de São Paulo, acusa o Ministério Público de tentar prejudicar sua candidatura a mais um mandato na Câmara Municipal. O parlamentar foi afastado do cargo e denunciado por corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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"Essa ação do Ministério Público sem prova nenhuma às vésperas de uma eleições tem o claro objetivo de atingir minha imagem pessoal e interferir no processo eleitoral da cidade de Mogi das Cruzes", disse o emedebista. "Esse mesmo promotor que pediu a minha prisão já me processou outra vezes, sempre no calendário eleitoral. Em 2016 me fez uma acusação de superfaturamento da qual apresentei a minha defesa e fui inocentado".

O vereador Mauro Araújo . Foto: Reprodução / Facebook

Na gravação, Mauro Araújo classifica o processo como um 'tremendo absurdo' e promete 'provar o erro do Ministério Público'.

"Respeito muito a instituição Ministério Público, mas todas as pessoas são passíveis de falha, inclusive os membros do Ministério Público. Infelizmente essas falhas são normais, nós nos deparamos com elas quase todos os dias. Aqui mesmo, em nossa cidade, temos pessoas diversos casos de pessoas que foram denunciadas e depois nada se comprovou. Alguns homens públicos tiveram sua carreira e sua moral questionadas para depois, no fim de longos anos de um processo, serem inocentados pela Justiça", disparou.

O parlamentar também criticou as ordens de afastamento e prisão preventiva expedidas contra ele e outros cinco vereadores incluídos na mesma denúncia.

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"Ninguém deve ser condenado sem o devido processo legal. Ainda mais representantes eleitos pela população. Os vereadores foram afastados sem se sequer serem ouvidos, sem terem o direito de apresentar as suas versões sobre o que aconteceu. Sou uma pessoa pública, com endereço fixo, que estou na Câmara Municipal há 16 anos. Nunca fui chamado e nem tive a oportunidade de esclarecer qualquer um desses fatos", afirmou.

Na denúncia, o promotor Kleber Henrique Basso detalha suspeitas sobre a suposta dinâmica de desvio de recursos através do direcionamento de licitações e contratações em troca de propinas. Mauro Araújo é apontado como o 'principal articulador' do esquema e seria responsável, segundo a Promotoria, pela relação com empresários interessados em contratos com a administração pública, controle das finanças da organização criminosa e distribuição das propinas aos demais parlamentares denunciados.

"O Ministério Público de chefiar uma organização criminosa com o objetivo de aprovar leis e beneficiar alguns empresários. Vamos aos fatos: o empresário que é denunciado junto comigo não possui nenhum contrato com o Poder Público municipal e as leis que dizem que beneficiam esse empresário ou outros empresários não foram votadas", rebateu. "Em relação do repasse de verbas do qual sou acusado, quero lembrar que tenho uma empresa, há 20 anos, de assessoria financeira. Já fiz algumas empréstimos a empresas, às pessoas físicas, a alguns vereadores. Transações comerciais normais, do dia a dia. Se eu tivesse tido a oportunidade de esclarecer esses empréstimos eu teria, como vou apresentar, toda a documentação necessária para provar que são transações comerciais. São empréstimos entre empresas ou ajuda, empréstimos pessoais entre alguns amigos. Não sendo, em nenhum momento, fruto de corrupção ou de qualquer outra situação ilícita".

A investigação do Ministério Público teve início em 2019 depois que o empresário Joel Leonel Zeferino, que atua no ramo da construção civil e também foi denunciado, tentou comprar nove carros para Araújo, mas caiu em golpe e precisou registrar boletim de ocorrência. O documento acendeu o alerta sobre a relação entre a dupla.

Até o momento, a Promotoria apontou indícios de irregularidades em três esquemas envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde, o Serviço Municipal de Águas e Esgotos (Semae) e a aprovação de uma lei supostamente para beneficiar o empresário. Mensagens obtidas pelos investigadores apontam que o próprio Zeferino rascunhou o projeto.

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As conversas de WhatsApp trocadas entre o grupo aparecem em diversos trechos da denúncia. Os celulares foram apreendidos na Operação Lagis Easy. As mensagens tratam, além da instrução do projeto de lei, de pagamentos, aviso de contratos a serem abertos pela prefeitura e até de pedido de vaga em creche. Com a quebra de sigilo bancário, o Ministério Público também verificou transações bancárias suspeitas em contas jurídicas supostamente controladas pelos parlamantares.

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