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Veja o que dizem os alvos da Abismo

31ª fase da Lava Jato foi deflagrada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Receita contra fraudes de R$ 39 milhões na construção do Centro de Pesquisas da Petrobrás

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Por Vitor Tavares
Atualização:

Cenpes. Foto: Fábio Motta/Estadão

Atualizada às 18h09

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A Operação Abismo, 31ª fase da Lava Jato, foi deflagrada pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e pela Receita contra fraudes de R$ 39 milhões na construção do Centro de Pesquisas da Petrobrás. A pedido da Procuradoria da República, o juiz federal Sérgio Moro expediu 24 mandados de busca e apreensão, 1 de prisão preventiva, 4 de custódias temporárias e 7 conduções coercitivas - quando o investigado é levado para depor e liberado.

O ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira, alvo de mandado de prisão preventiva da Abismo, é suspeito de receber propina em cima das obras de construção do Centro. Os investigadores afirmam que parte dos valores destinados a ele foram repassados à escola de samba Estado Maior da Restinga e a sua madrinha da bateria.

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O controlador da WTorre, Walter Torre Júnior, foi alvo de mandado de condução coercitiva.

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As investigações indicam que as principais empreiteiras participantes da licitações do Cenpes se ajustaram em cartel, fixando preços e preferências de modo a frustrar o procedimento competitivo da Petrobrás e a maximizar os seus lucros. A Construtora OAS, Carioca Engenharia, Construbase Engenharia, Schahin Engenharia e Construcap CCPS Engenharia, integrantes do Consórcio Novo Cenpes, ficaram com a obra do Cenpes.

VEJA O QUE DIZEM OS ALVOS DA ABISMO

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, QUE DEFENDE PAULO FERREIRA

O advogado José Roberto Batochio, defensor do ex-tesoureiro do PT Paulo Ferreira - alvo da Operação Abismo -, afirmou que 'não é verdade que ele tenha recebido propinas'.

Batochio atacou as delações premiadas, alma da Operação Lava Jato e todos os seus desdobramentos, como a Abismo.

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"Embora possa parecer truísmo, alegação recorrente das defesas técnicas, a tal de delação premiada abriu os portões do inferno e a caixa de Pandora. Para conseguir a impunidade tudo vale para o delator. Verdade ou mentira são detalhes desimportantes", declarou o criminalista.

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"Paulo Ferreira era um político, um deputado federal, e somente uma pessoa que não tem a menor ideia de como se processa uma eleição democrática é que desconhece que o candidato tem que ir às comunidades", prosseguiu Batochio, em alusão às relações do petista com a escola de samba Estado Maior da Restinga, de Porto Alegre.

"Às vezes, muitos (políticos) vão às comunidades no Rio, por exemplo, e são fotografados no morro, nas comunidades mais pobres. Ai desse político se tiver azar de aparecer nessas fotografias ao lado de um sujeito procurado ou mesmo se o procurado estiver ao fundo na foto. Não haverá perdão."

José Roberto Batochio criticou o fato de a prisão de Paulo Ferreira ter sido decretada inicialmente pelo juiz federal Sérgio Moro e, depois, pelo juiz federal Paulo Bueno de Azevedo, de São Paulo - neste caso, o ex-tesoureiro foi alvo da Operação Custo Brasil.

"Prisão preventiva em duplicidade, ou seja, dupla prisão preventiva, parece-me um 'seguro' de persecutores implacáveis", ironiza o criminalista. "Ou seja, caso a primeira prisão não se sustente, vamos fazer o 'seguro', decretando-se uma segunda ordem de prisão. Isso não pode ser democrático. Não fosse isso, qual seria o sentido de uma prisão dupla? Quem pode explicar isso? O sujeito já está preso, vai ser duas vezes preso?"

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"A menos que se trate de uma disputa entre órgãos jurisdicionais para ver quem decreta a prisão primeiro", disse Batochio.

COM A PALAVRA, A WTORRE

Grupo WTorre esclarece que:

A empresa não teve participação na obra de expansão do Centro de Pesquisas da Petrobras; que não recebeu ou pagou a agente público ou privado nenhum valor referente a esta ou a qualquer outra obra pública.

O Grupo WTorre forneceu a documentação referente ao orçamento desta licitação que ainda se encontrava na empresa e segue à disposição das autoridades.

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Por fim, esclarecemos que o empresário Walter Torre Júnior, encontra-se em férias, fora do Brasil e que, portanto, não foi conduzido à sede da Polícia Federal na manhã desta segunda-feira (4)

Diretoria de Comunicação da WTorre S/A

COM A PALAVRA, A OAS

A OAS informou que não irá se pronunciar sobre a Operação Abismo.

COM A PALAVRA, A ESCOLA DE SAMBA

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Os integrantes da escola de samba Estado Maior da Restinga, de Porto Alegre, chegaram a viajar para a China por intermediação de Paulo Ferreira, ex-tesoureiro do PT, com a embaixada do país em Brasília, informou o presidente da agremiação, Robson Dias, o Preto.

"Não sei de dinheiro nenhum que tenha vindo da Petrobrás. Nossa relação com o deputado Ferreira é política. Ele tem um grande papel dentro da escola, por abrir portas para empresas e nos ensinar a captar recursos", declarou Dias.

COM A PALAVRA, A CONSTRUCAP

A Construcap não irá se pronunciar no momento.

COM A PALAVRA, A SCHAHIN ENGENHARIA

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O Grupo Schahin compreende os trabalhos de investigação em curso e prosseguirá colaborando com as autoridades, como tem feito até agora.

COM A PALAVRA, A CONSTRUBASE ENGENHARIA

Em relação às investigações da Polícia Federal sobre as obras do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), a Construbase Engenharia informa que está prestando todos os esclarecimentos necessários às autoridades competentes. A empresa vai se manifestar após ter acesso aos documentos da investigação.

COM A PALAVRA, O PT

O PT não vai comentar.

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