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Veja documento que cita Toffoli e fez Alexandre retirar do ar reportagem de revista

Em delação, Marcelo Odebrecht classifica o atual presidente do Supremo como 'amigo do amigo do meu pai'

Por Matheus Lara
Atualização:

O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Foto: Dida Sampaio/Estadão

"Amigo do amigo do meu pai". Assim o empresário Marcelo Odebrecht se referiu ao atual presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, em um e-mail entregue à força-tarefa da Operação Lava Jato, conforme seu depoimento à Polícia Federal. O documento com o trecho da delação foi divulgado pela revista digital Crusoé, que depois virou alvo de uma ação do STF por suposta veiculação de fake news. O Estado teve acesso a ele. Veja:

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A explicação do empreiteiro se refere a um e-mail de 13 de julho de 2007, quando o ministro ocupava o cargo de Advogado-Geral da União (AGU) no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na mensagem eletrônica, Marcelo pergunta aos executivos Adriano Maia e Irineu Meireles: "Afinal vocês fecharam com o amigo do amigo de meu pai?". Não há, entretanto, no documento enviado pelos advogados do empreiteiro à PF citações sobre possíveis pagamentos ao ministro.

Segundo o empresário, para saber mais sobre os fatos, a PF deve questionar o ex-diretor Jurídico da Odebrecht Adriano Maia. "Refere-se a tratativas que Adriano Maia tinha com a AGU sobre temas envolvendo as hidrelétricas do Rio Madeira. "Amigo do amigo de meu pai" se refere a José Antônio Dias Toffoli. A natureza e o conteúdo dessas tratativas, porém, só podem ser devidamente esclarecidos por Adriano Maia, que as conduziu", diz Marcelo Odebrecht sobre o e-mail.

Nesta terça, 16, em um desdobramento do inquérito aberto, via ofício, pelo próprio Toffoli para apurar "notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus caluniandi, diffamandi ou injuriandi, que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares", o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, determinou buscas e apreensões em dez endereços pela Polícia Federal.

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Entre os alvos estão, por exemplo, o general da reserva Paulo Chagas e o integrante da Polícia Civil de Goiás Omar Rocha Fagundes, além de Isabella Sanches de Sousa Trevisani, Carlos Antonio dos Santos, Erminio Aparecido Nadini, Gustavo de Carvalho e Silva e Sergio Barbosa de Barros.

Na decisão, Moraes afirmou que documentos e informações coletados pela investigação apontam 'sérios indícios da prática de crimes'. Segundo o ministro, as postagens em redes sociais contêm 'graves ofensas a esta Corte e seus integrantes, com conteúdo de ódio e de subversão da ordem'.

O ministro mandou bloquear contas no Facebook, no WhatsApp, no Twitter e no Instagram. "Autorizo desde logo o acesso, pela autoridade policial, aos documentos e dados armazenados em arquivos eletrônicos apreendidos nos locais de busca, contidos em quaisquer dispositivos", ordenou Alexandre. "Após a realização das diligências, todos os envolvidos deverão prestar depoimentos."

Na segunda, 15, Moraes já havia ordenado a retirada do ar de reportagem da Crusoé que cita o e-mail de Odebrecht. Ação que a revista classificou como 'censura'. Na noite de segunda, a publicação foi notificada sobre o suposto descumprimento da decisão, e foi multada em R$ 100 mil. Na decisão, Moraes cita o inquérito sobre fake news aberto por Dias Toffoli em março.

Intimidação

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A revista Crusoé vê "intimidação judicial" na ação do Supremo. "Além de censurar a revista, o ministro Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal tomasse depoimentos dos jornalistas. Nossos advogados entrarão com recurso ao colegiado do STF, para tentar reverter esse atentado contra a liberdade de imprensa, aspecto fundamental da democracia garantido pela Constituição. Na nossa visão, trata-se de ato de intimidação judicial."

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