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Vale paga R$ 14 milhões para ressarcir União por gastos com Brumadinho

Advocacia-Geral da União assegurou ressarcimento por meio de um acordo extrajudicial com a mineradora após tsunami de lama que completa um ano neste sábado, 25

Foto do author Luiz Vassallo
Foto do author Fausto Macedo
Por Luiz Vassallo e Fausto Macedo
Atualização:

Bombeiros resgatam corpos de vítimas do desastre de Brumadinho, em Minas Gerais. Foto: Wilton Júnior / Estadão

A Advocacia-Geral da União assegurou por meio de um acordo extrajudicial com a mineradora Vale o ressarcimento de R$ 13,8 milhões aos cofres públicos. O valor é referente aos gastos que a União teve durante o rompimento de barragem em Brumadinho (MG), que completa um ano neste sábado, 25.

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As informações foram divulgadas pela AGU. A quantia envolve o total de despesas que nove órgãos (Ministérios do Desenvolvimento Regional; da Justiça e Segurança Pública; da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; de Minas e Energia; da Defesa; da Saúde; da Cidadania; Comando do Exército; e Secretaria de Governo) e quatro autarquias (ICMBio, Ibama, ANA e ANM) tiveram em decorrência da tragédia.

O tsunami de lama de Brumadinho causou 270 mortes.

Cerca de 500 pessoas perderam parentes, casas, empregos, documentos e objetos pessoais.

O rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão liberou 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos, e é considerado um dos maiores desastres humanos e ambientais da história do Brasil, destaca a AGU.

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A Advocacia-Geral informou que os valores do ressarcimento 'são todos custos extraordinários que não teriam existido se não fosse o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, administrada pela Vale'.

Por exemplo: despesas com combustíveis de carros e aeronaves, com materiais de resgate de pessoas e bens, com materiais para análise de metais e com diárias de servidores mobilizados para o local da tragédia.

A conta foi feita ao longo de 2019, já que muitas das atuações desses órgãos e autarquias do governo federal em Brumadinho se estenderam por todo o ano.

Os dados consolidados foram obtidos pela AGU em fins de novembro, com o auxílio da Subchefia de Articulação e Monitoramento da Casa Civil.

Negociação

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Com o cálculo efetuado, a Advocacia-Geral convocou a primeira reunião sobre o assunto com a Vale em 13 de dezembro.

No dia 10 de janeiro, depois de verificar a validade dos documentos que comprovam os gastos da União, a mineradora concordou com o ressarcimento -- menos de um mês após o início das negociações.

Os quase R$ 14 milhões foram pagos, de forma integral, no dia 17.

"Um ponto muito importante é que a União conseguiu recuperar esse valor sem precisar entrar com ação judicial, o que poderia tornar tudo mais demorado", disse o advogado da União Daniel Pais, coordenador-geral de Patrimônio e Meio Ambiente do Departamento de Patrimônio Público e Probidade da AGU.

Daniel Pais considera que 'foi uma atuação extrajudicial inovadora, com base num acordo, e que resolveu essa situação de forma muito célere'.

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Próximos passos

O advogado da União observa que o ressarcimento não significa uma quitação geral da Vale com a União.

Caso seja verificado que mais gastos extraordinários foram realizados -- já que ainda estão sendo realizadas ações com a comunidade de Brumadinho --, a AGU fará novas cobranças.

"Esta foi uma questão que ficou bem clara em nossa reunião com a Vale: quaisquer custos extras que venhamos a verificar serão cobrados. Porque não é justo que a sociedade arque, por meio dos impostos que sustentam os cofres públicos, com despesas provocadas pela Vale", ressalta Daniel Pais.

Também não estão na conta os benefícios que o INSS paga a familiares das vítimas. Tais gastos ainda serão cobrados pela AGU em uma futura ação judicial.

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